Bento Gonçalves

Prefeitura de Bento Gonçalves corta bolsas em escolas privadas e alunos ficam sem saber onde irão estudar no próximo ano

O fim da compra de vagas em escolas particulares veio após uma recomendação do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul

Prefeitura de Bento Gonçalves corta bolsas em escolas privadas e alunos ficam sem saber onde irão estudar no próximo ano
Imagem Ilustrativa

Após pedido do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, o Município de Bento Gonçalves cortou a compra de bolsas de estudo em escolas da rede privada para alunos em idade escolar obrigatória (pré-escola e ensino fundamental). A partir de 2024, os estudantes deverão ser alocados em escolas públicas municipais ou estaduais, de acordo com seu zoneamento.

Porém Leila Caron, que é representante de um grupo de pais que requerem a continuidade das bolsas de escola privada para seus filhos, compartilhou com a reportagem do Grupo RSCOM a sua indignação com a falta de transparência e organização neste processo. “A prefeitura de Bento não deixou claro para nós em momento algum que a gente tinha perdido as bolsas, até o momento em que a gente se reuniu com a Secretária de Educação”, relata.

Ela também informa que muitos pais não conseguiram fazer o cadastramento dos seus filhos porque o zonamento não tem escola municipal. “É o caso da minha filha, eu moro aqui no Goretti e a minha filha está indo para o nono ano, último ano que a prefeitura concedia as bolsas, e não tem colégio municipal nas proximidades, então eu teria que aguardar as inscrições e inscrever ela no estado”, exemplifica.

Além disso, muitos pais que poderiam ter passado por processos seletivos de colégios privados, como tinham as bolsas da prefeitura, não se inscreveram. “Quando a gente ficou sabendo que essa era a situação, que havíamos perdido as bolsas, o processo seletivo do colégio já venceu, então a gente não teve oportunidade de recorrer a outras formas”, explica Caron.

A representante afirma que o grupo de pais pediu uma reunião com o Prefeito Diogo Siqueira, mas que ele apenas os encaminhou para falar com a Secretária de Educação. “Fui numa reunião e ela disse que a prefeitura estava gastando demais e foi autuada pelo tribunal de contas do Ministério Público, e que eles teriam sido proibidos de pagar as bolsas. Só que a gente sabe que a prefeitura tem um percentual que ela é obrigada a investir em educação”.

A Constituição Federal determina que estados e municípios devem investir em educação pelo menos 25% de sua arrecadação com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

A administradora do grupo informou que no início, quando começaram a se organizar, eram cerca de 80 pais no grupo, porém alguns já saíram porque já perderam a esperança de conseguir reverter essa situação.

Secretaria de Educação e Câmara de Vereadores

“No dia que nós saímos da reunião com a secretária de educação, uma mãe chorou até soluçar no meu ombro, porque não sabe o que vai fazer, não sabe onde que o filho vai ficar para o próximo ano”, relatou Leila. Segundo Caron, “as bolsas faziam parte do plano de governo do prefeito atual. Então, ele está faltando com o plano de governo dele e com a população de Bento Gonçalves”.

Para Leila, também está faltando apoio dos vereadores. “Junto com a Taiane Deconto, presidente da associação das escolas infantis municipais particulares daqui da cidade, a gente esteve numa sessão na Câmara de Vereadores, onde ela e a advogada da associação pediram o uso da palavra, após o término da sessão na Câmara, e nenhum vereador se levantou e nos apoiou”, disse ela.

Ela também afirma que o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA) será procurado para tratar da causa. “A gente só tem incertezas para 2024, e não é justo isso conosco, não é justo com os nossos filhos”, conclui.

Resposta da Prefeitura

Questionada sobre o fim das bolsas de escola privada e sobre a distribuição das vagas na rede municipal, a Prefeitura de Bento Gonçalves encaminhou uma nota via sua assessoria de imprensa. Confira o texto na íntegra:

“O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul encaminhou uma recomendação para o Município de Bento Gonçalves de que não houvesse mais a compra de vagas de alunos em idade escolar obrigatória (pré-escola e ensino fundamental). Assim, os estudantes deverão ser alocados em escolas públicas municipais ou estaduais, dependendo do seu zoneamento.

Os alunos que realizaram a inscrição ou que vierem a realizar a 2ª etapa de inscrições, que ocorrerá a partir de 15 de janeiro de 2024, serão matriculados na rede municipal.

A Secretaria Municipal de Educação esclarece que alguns alunos podem não ter conseguido realizar a inscrição na rede municipal, em razão do seu zoneamento, que podem pertencer à rede estadual e assim deverão realizar a sua solicitação no Estado.

Posteriormente, o Município poderá ofertar vagas remanescentes das escolas municipais aos alunos que pertencem à rede estadual, o que ocorrerá a partir de janeiro de 2024.”