Comportamento

Penitenciária Feminina de Guaíba inicia produção de bioabsorventes

Foto: Susepe
Foto: Susepe

Unidade com maior população feminina do Estado, a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba (PEFG) é o quarto estabelecimento prisional do RS a iniciar a produção de bioabsorventes. Nesta segunda-feira (24), ocorreram as duas etapas do projeto, com grupo reflexivo sobre educação menstrual e oficina de costura para confecção dos produtos.

Na primeira etapa, na parte da manhã, mulheres presas na unidade prisional participaram de um grupo onde foram discutidos temas como saúde feminina, educação menstrual, além de tabus e mitos associados à menstruação. Na segunda etapa, no turno da tarde, foram selecionadas apenadas com interesse em aprender as técnicas de confecção das peças para si mesmas e para outras mulheres presas na unidade prisional.

A diretora da PEFG, Isadora Minozzo, enfatizou a alegria de receber um projeto que irá beneficiar a vida de tantas mulheres. “É um projeto construído a muitas mãos para beneficiar muitas mulheres. Vemos muita grandeza nisso. Além do cunho ecológico e educacional do projeto, existe uma veia muito forte do empreendedorismo. E acho que este é nosso papel, poder proporcionar a essas mulheres que estão aqui cumprindo a pena uma possibilidade de recomeçar suas vidas, gerando renda, trabalho e sustento digno quando elas saírem em liberdade”, afirmou.

No local, serão confeccionadas, inicialmente, 1.200 unidades de bioabsorventes, custeados com verba alcançada em campanha da Defensoria Pública do Estado e da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (ADPERGS).

Cada corpo é único

“Foi muito gratificante ver as apenadas relatarem suas experiências e dúvidas em torno da menstruação, que é um tema tabu por toda a sociedade, em todas as classes sociais. Falamos com elas sobre autocuidado, higienização do próprio corpo e, sobretudo, se torna uma oportunidade de ressignificar a menstruação. Sem esse processo de abertura de diálogo, talvez não conseguiríamos tantas adeptas para usar e confeccionar essa nova tecnologia dos bioabsorventes”, disse a criadora da Herself Educacional, Raissa Kist.

A confecção dos bioabsorventes é realizada em tecidos tecnológicos desenvolvidos pela empresa gaúcha Herself, que é parceira voluntária e idealizadora do projeto. A sócia e criadora da Herself, Victoria Castro, também pontuou que os bioabsorventes têm uma vida útil aproximada de três anos, sendo feitos os cuidados necessários, e contribuem para absorver a menstruação de forma segura, higiênica e confortável, além de fortalecer a sustentabilidade.

A psicóloga Débora Ferreira, coordenadora da Política Estadual de atenção às mulheres presas e egressas do Departamento de Políticas Penitenciárias da SJSPS, ressaltou a importância do projeto na qualificação profissional das apenadas: “ao se tornarem egressas do sistema prisional, elas podem encontrar um meio de prover o seu sustento e de se recolocar na sociedade com dignidade”.

A atividade contou também com a participação da vice-diretora da PEFG, Aline Mallmann e da psicóloga da PEFG, Nathana Kubiça.

Produção de bioabsorventes no Estado

O projeto acontece também em outras três unidades prisionais gaúchas: Presídio Estadual Feminino de Lajeado, no Presídio Estadual Feminino de Torres e no Anexo Feminino do Presídio de Santa Cruz do Sul. No início do mês, a iniciativa foi eleita um dos oito melhores projetos brasileiros de trabalho prisional selecionados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e tem sido um modelo para implementação em outros estados. Esse projeto está inserido nas diretrizes e metas do Plano de Atenção às mulheres presas e egressas, formulado pela SJSPS e pela Susepe.