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Pelo segundo mês seguido, comércio caxiense apresenta queda nas vendas

Foto: Mauro Teixeira/Grupo RSCOM
Foto: Mauro Teixeira/Grupo RSCOM

As vendas do comércio caxiense caíram 5,85% em fevereiro deste ano na comparação com janeiro. Mesmo com uma queda menor em relação ao mês anterior, o resultado ainda é expressivo quando comparado com o mesmo período do ano passado, com uma retração de 18,54%. O desempenho econômico do município foi divulgado pela CDL Caxias do Sul, em coletiva de imprensa online junto à Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), nesta quinta-feira (8). O levantamento realizado pelo Núcleo de Informações de Mercado da CDL Caxias reflete, pelo 11º mês consecutivo, a crise econômica e sanitária causada pela pandemia da Covid-19.

O assessor de economia e estatística da entidade, Mosár Leandro Ness, explica que alguns fatores como o menor número de dias no mês, a classificação da região em bandeira preta e o anúncio do fim do Modelo de Cogestão contribuíram para o segundo mês seguido de queda nas vendas do comércio.

“No mês de fevereiro, especialmente em sua última semana, vivemos momentos de tensão e de restrições por causa da classificação em bandeira preta e que teve os seus dois últimos dias cancelados por conta da queda deste regime que permitia a abertura do comércio não essencial mesmo nesta classificação. Na nossa análise, os números só não foram ainda mais negativos, pois foram ligeiramente impulsionados pelos resultados da parte do varejo que vende produtos de volta às aulas. Para todos os demais segmentos, os resultados apresentaram desempenho pior do que em 2020”, resume o economista.

Ness ainda lembra que fevereiro de 2020 foi o último mês antes da pandemia, o que acabou influenciando e puxando para baixo os índices comparativos.

Na análise por segmentos, o Termômetro de Vendas identificou leve queda nas categorias que integram o ramo mole, de 1,19% em relação ao mês anterior. Neste grupo, o destaque positivo foi para o resultado das vendas no segmento de Livraria, Papelaria e Brinquedos, com aumento de 37,71%, na esteira do período de retorno escolar, mesmo que de forma remota. Ainda no ramo mole, houve queda em todos os demais segmentos: Farmácias (-3,51%); Vestuário e Calçados e Tecidos (-10,40%); e Produtos Químicos (-3,29%).

Já no ramo duro, o resultado foi de queda mais expressiva, de 6,92% em relação ao mês de janeiro. Em fevereiro, o desempenho foi negativo em todos os setores: Informática e Telefonia (-2,08%); Materiais Elétricos (-1,72%); Óticas, Joalherias e Relojoarias (-4,08%); Eletrodomésticos, Móveis e Bazar (-10,81%); Implementos Agrícolas (-13,04%); Material de Construção (-3,85%); e Automóveis, Caminhões e Autopeças novos (-5,25%).

Quanto ao volume de consultas pelos consumidores no balcão do sistema CDL/SPC, os fatores mencionados anteriormente, acrescidos do Carnaval e do período de férias, ajudaram na redução de 19,77% em relação ao mês anterior. Já o número de consultas pelos lojistas ficou estável (0,07%).

Dois índices que podem ser analisados como positivos são a redução de 17,04% na inclusão de débitos no SPC em fevereiro e o aumento de 62,72% na exclusão de dívidas no mesmo mês.

O diretor de Relacionamento da CDL Caxias, Vitor de Carvalho, contextualiza os números como um sinal de que os consumidores têm buscado quitar suas dívidas e permanecer com crédito.

“Mesmo com a crise que estamos enfrentando a base de inadimplentes tem se mantido estável, o que não deixa de ser uma fator positivo. Nas últimas pesquisas de intenção de compras que a CDL Caxias realizou percebemos uma preocupação dos consumidores em não contraírem dívidas acima do que possam pagar”, afirma.

Para o gerente Administrativo Financeiro da CDL Caxias do Sul, Carlos Alberto Cervieri, o segundo mês consecutivo com queda nas vendas no ano reforça a necessidade de maior flexibilização nas regras do Modelo de Distanciamento Controlado para uma recuperação nos próximos meses.

“Nós sempre defendemos a abertura de todos os setores de forma consciente, adotando todas as medidas sanitárias e o que temos observado é que a grande maioria dos lojistas tem seguido. Os números de fevereiro mostram que, mesmo com poucos dias de fechamento, o prejuízo para o comércio é enorme e que não há mais espaço para novos fechamentos. Os desafios para 2021 são inúmeros, mas o principal deles é recuperar o prejuízo acumulado desde o início da pandemia e, para isso, é preciso que as estratégias de combate à doença visem proteger o sistema de saúde e a economia de forma simultânea”, reforça.