Opinião

O Hot invadiu a Literatura

O Hot invadiu a Literatura

Não é de hoje que a literatura erótica ganhou o gosto dos leitores. Lembram dos romances de banca? Sabrina, Júlia e tantos outros que eram consumidos nos anos noventa? Vendidos a um valor baixo, os romances de banca se popularizaram e sempre tiveram um público fiel.

Depois de Cinquenta tons de Cinza o romance hot voltou com tudo, em uma roupagem mais moderna, falando sobre tabus e excentricidades do sexo. O fato é que cada dia mais, esse estilo de literatura vem sendo consumido. Hoje o hot já é considerado um subgênero pelas editoras e ganharam uma categoria própria que movimenta milhões na indústria livreira.

Na categoria e-book, os hots estão sempre entre os mais vendidos na Amazon, o que ainda gera muita discussão. Existem aqueles que acham o hot um desserviço ao meio literário e aqueles que simplesmente amam ler um livro hot.

A verdade é que os livros hots, estão mais relacionados com o erotismo do que com a pornografia, embora o limite entre ambos não seja tão pacífico. A maior diferença entre as duas colocações está na forma como é apresentada. A literatura erótica é voltada ao publico feminino, em sua maioria trabalha histórias visando o auto conhecimento de mulheres e seus corpos. Trabalha temas importantes ao longo da trama e pode ter sexo explícito sim, porém diferente da pornografia que visa unicamente a excitação masculina, no hot encontramos a preocupação com a mulher, sem a objetivação de corpos.

Por muitos anos as mulheres tiveram seus corpos objetivados em comerciais de cerveja, em rede nacional durante programas que iam ao ar nos domingos. Garotas mostrando os seios e pegando sabonetes em uma banheira praticamente nuas. Mulheres estampando capas de revista masculina e tantos outros tipos de pornografia que alimentavam essa indústria. Entretanto nenhuma destas, era voltada ao consumo feminino.

Depois de tantos anos, ainda se discute sobre o fato de a mulher assumir que também gosta de sexo e, diferente da tradicional pornografia, se envolvem com histórias eróticas onde temos protagonistas femininas sem medo de explorar o prazer.

“Mulheres gostam de sexo tanto quanto homens” – Victória Woodhull – 1878

Esta luta pela liberdade sexual feminina não é de hoje e, ainda enfrentará um longo caminho até que todas possam assumir o gosto literário pelos hots sem serem julgadas. O fato que ninguém pode negar, é que a mulher compõe o maior percentual dos leitores no Brasil e consomem literatura erótica. Isto vem mudando o conceito da indústria, uma vez que literatura erótica vende em alta demanda.

“Há muitos livros hots que trazem belas histórias de amor e não abordam apenas sexo. Há sempre uma mulher forte em cada história dessas. Eu abri meus olhos, estava vivendo um relacionamento abusivo e descobri isso lendo livros hots, então peço que respeitem quem lê esse tipo de livro. Você pode não gostar, mas respeite quem gosta.”

Ceiça Alves Tecnica de enfermagem – Parnamirim – RN
Dona do Instagram literário – @minhavidaempaginas

O que vocês acham?