Opinião

O Brasil que melhorou ou o restante do mundo que piorou?

Leonardo Bertelli Piveta
Leonardo Bertelli Piveta

A primeira Copa do Mundo que eu me recordo é de 1994, nos EUA. O primeiro jogo que tenho na memória é Brasil e Camarões nas oitavas-de-final. Sei que assisti outros, porém, não posso confirmar se as memórias são minhas ou são memórias criadas pelas inúmeras vezes que vi os lances do tetra em vídeo. A Copa do Mundo acende a chama patriótica brasileira, as eleições juntamente com as promessas feitas pelos candidatos fazem a esperança de tempos melhores ressurgir no coração de cada um. Mesmo que seja por um breve momento. O brasileiro espera que um dia veja o país saindo do atraso e virando um país de primeiro mundo.

É difícil afirmar quem ganhará a Copa ou quem vencerá as eleições, entretanto, tenho certeza que continuaremos pagando impostos altos sobre tudo que geramos. E, na pior das hipóteses, seguiremos o rumo dos países da América Latina de forma mais acelerada.

Pois bem, voltando para a economia, cabe destacar que alguns números têm sido animadores nas últimas semanas aqui no Brasil, eles não chegam a animar como a possibilidade do hexa, mas parecem bons. O PIB veio acima do esperado. O desemprego caiu. O preço da gasolina baixou. Eu começo a ver algumas coisas baixarem o preço na prateleira do mercado. Embora tenha algumas considerações para fazer, é inegável que a política econômica do país tem sido conduzida de uma forma satisfatória. Concomitantemente com o fato do bom posicionamento do Brasil na atual conjuntura geopolítica internacional, estamos bem. Todavia, a pergunta que me faço todos dias ao acordar é: nós que realmente melhoramos ou o restante do mundo que piorou?

Essa pergunta me levou a observar mais cuidadosamente nos últimos meses as notícias no exterior. O que me chamou atenção não foram os números nem indicadores nem previsões. O que me chamou a atenção foi um novo termo nas publicações de vários veículos de mídia internacional “unrest”. Eu fui até no dicionário procurar a tradução para o português para entender melhor qual é o sentido da palavra. Mas foi no dicionário da própria língua inglesa que eu pude entender melhor (se tiver alguém especialista em inglês pode entrar em contato e me explicar melhor). O verbo “rest” significa descansar, repousar. Enquanto o prefixo “un” dá um sentido negativo. Em outras palavras, desconforto, inquietude, descontentamento.

É inegável que esse é o sentimento do povo europeu. Guerra, inflação, custo de vida aumentando, imigração descontrolada, crise econômica, crise energética, preocupação com a redução de oferta de comida. Este momento sem dúvidas fez surgir uma palavra pouco usada até então no vocabulário dos jornalistas. Ao meu ver, ela é demasiada polida considerando a conjuntura dos fatos.

Assim, o inverno ainda nem chegou no hemisfério norte e as coisas parecem estarem complicadas. Resta saber se a copa do mundo servirá como cortina de fumaça para os problemas que eu acredito que surgirão nos próximos meses. Repito, o Brasil parece estar bem posicionado por ser grande produtor de commodities e ter iniciado o processo de controle monetário antes do que os demais países. Eu termino o artigo voltando à indagação, leitor: O que acontece no Brasil e no mundo considerando os fatos parece que nós estamos melhorando ou que o restante está piorando?