
Um túmulo, nada fácil de encontrar, guarda diversos segredos e mistérios no meio da mata fechada que circunda o Parque dos Pinheiros, em Farroupilha. O pequeno sepúlcro é feito de tijolos já cheios de musgo, e na parte superior existe uma grande pedra que já fora suporte para uma grande cruz de ferro. Nesta pedra, há uma placa com a gravação “aqui foi morto um inocente”.
No local, foi enterrado o pequeno Edgar Tesche, que deveria ter menos de um ano quando foi assassinado por sua babá, entre as décadas de 1910 e 1920, quando Farroupilha e o Parque dos Pinheiros, sequer existiam.
A reportagem do Grupo RSCOM esteve no local com o historiador farroupilhense Vinicíus Pigozzi em busca do local onde o túmulo se encontra e para entender a história por trás da tragédia que abateu a familía de origem alemã no começo do século passado.
Conforme Pigozzi, essa é mais uma das lendas urbanas da cidade e o que se presume é que Tesche teria sido morto por conta de um problema da babá com a familía ou ainda por um problema psicológico da mulher. O próprio crime teria ocorrido em meio as araucárias onde ela enterrou o corpo da criança.
Porém, o túmulo em si teria sido construído anos depois como uma forma de homenagear Edgar. Nas décadas de 60 e 70 o local chegou a virar uma espécie de ponto de peregrinação, onde pessoas iam até o túmulo para rezar pela alma do garoto.
Com o crescimento da cidade, atualmente o túmulo é escondido em meio a mata fechada. Pigozzi diz que há poucos registros sobre o crime.
“É um crime que está, na atualidade, envolto de mistério. Certamente há época deve ter sido algo muito trágico e é até estranho que nos jornais não tenhamos nenhum registro sobre o fato. Sabemos que na época os meios eram esparsos e as notícias demoravam para se espalhar e presumo eu que tenham até mesmo demorado para solicionar o crime”, disse.
O túmulo se encontra em meio as trilhas que cortam o parque, em um local ermo e com muita mata ao redor. Para chegar, é preciso caminhar por alguns minutos na mata fechada. Já onde ele se encontra, há uma certa clareira entre as árvores.
Acredita-se que o corpo do menino tenha sido exumado, mas, conforme Pigozzi, não há registros da entrada da ossada dele em nenhum cemitério local.
“Temos informações que o corpo do Edgar Tescheteria sido exumado e retirado, permanecendo apenas a marcação do local, ficando apenas os tijolos e a lápide. A gente até percebe que o túmulo não é muito grande, o que indica a idade da crianças. Mas, com a exumação, se é que ela foi feita, os ossos deveriam ter dado entrada em algum cemitério, o que nunca ocorreu. O que é mais um dos mistérios envolvendo essa história“.
Sem registros oficiais, o historiados diz que essa é uma história contada verbalmente ao longo dos anos em Farroupilha. Mas ele segue na busca por algumas respostas como qual a motivação do crime, como teria ocorrido o assassinato, quem era a babá e onde teria ido parar o corpo de Edgar.
O fato é que muitos farroupilhenses conhecem a existência do túmulo. Entre estes, há quem acredite que o lugar seja de oração, outros dizem que o túmulo é mal assombrado, até mesmo com pessoas que seriam atraídas para próximo do túmulo para tirar a própria vida.
Com ou sem a ossada ainda enterrada, a história por trás do túmulo de Edgar Tesche é mais uma das lendas urbanas que fazem parte do folclore e do imaginário popular de Farroupilha e da Serra Gaúcha.
Colaboração: Eduardo Garcia da Rosa/Grupo RSCOM