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Novas denúncias ampliam acusações contra Aécio Neves na semana em que virou réu

PGR quer revisão da decisão de Fachin e prisão do parlamentar (Foto: Agência Brasil)
PGR quer revisão da decisão de Fachin e prisão do parlamentar (Foto: Agência Brasil)


A semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu tornar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) réu, acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça, terminou com novas más notícias para o político mineiro, que fazem aumentar o desgaste do senador no PSDB e a pressão para que não participe do processo eleitoral deste ano. Novos depoimentos de delatores do Grupo J&F e da empreiteira Andrade Gutierrez ampliaram as denúncias contra ele. Alvo de uma ação penal e oito inquéritos na Corte, Aécio também foi acusado de pressionar o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio.

Em dois novos depoimentos, o empresário Joesley Batista, da J&F, reafirmou as informações prestadas por executivos da empresa durante as negociações do acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República em maio do ano passado e confirmou ter repassado R$ 110 milhões ao senador durante a campanha do tucano à Presidência da República em 2014 em troca de apoio aos negócios do grupo e disse que pagou um “mensalinho” de R$ 50 mil a Aécio entre julho de 2015 e junho de 2017, atendendo a um pedido do senador.

Joesley entregou à PF uma planilha em que listou doações, ao lado de notas fiscais e de recibos com informações para comprovar o repasse ao senador. Segundo o depoimento, o valor foi dividido entre o PSDB – que teria ficado com R$ 15 milhões. Além disso, outros R$ 11 milhões foram repassados, segundo Joesley, para as campanhas de políticos que apoiaram o tucano na disputa pela Presidência em 2014.

Segundo o depoimento, os pagamentos mensais deveriam ser feitos à Rádio Arco-Íris, de Minas Gerais e ligada ao senador, que emitiria notas fiscais. Apesar de ter feito os pagamentos, o delator afirmou que não sabe se algum serviço foi de fato prestado pela rádio. Segundo ele, o objetivo era repassar R$ 50 mil mensais a Aécio Neves para manter o bom relacionamento com o senador – que tinha sido candidato à presidência em 2014 e poderia chegar com força política na eleição deste ano, com possibilidade de ocupar o cargo.

Em nota, a defesa do senador disse que Aécio jamais pediu dinheiro para Joesley. De acordo com a nota, Joesley age de “má-fé” e com “desespero” diante do risco de ter o acordo de delação premiada anulado.

No mesmo dia em que o STF decidia seguir com o processo contra Aécio, terça-feira, dia 17, o acionista da Andrade Gutierrez Sérgio Andrade afirmou que a empreiteira fez pagamentos com base em um contrato fraudulento assinado em 2010 com Alexandre Accioly, amigo de Aécio, para repassar recursos ao senador.

Accioly disse que a Andrade Gutierrez tem participação minoritária em sua empresa, que, segundo afirmou, jamais distribuiu dividendos porque os resultados continuam sendo investidos na companhia.

A Andrade Gutierrez não quis comentar sob o argumento de que a investigação está sob sigilo. A Odebrecht disse que já reconheceu seus erros e que está colaborando com a Justiça.

Em plenário, na mesma terça-feira, o deputado Osmar Serraglio (PP-PR) revelou em plenário que teria recebido pressão do tucano para aceitar a indicação de um delegado da Polícia Federal quando era ministro da Justiça disse que o senador tentou modificar o rumo das investigações na Operação Lava Jato.

“Quem já foi candidato a presidente da República e que foi colhido em ligação telefônica com o acusado Joesley Batista em que demostrava revolta com minha conduta quando ministro da Justiça por me recusar a ceder às suas pressões objetivando a indicação de delegado da PF de sua preferência para investigar suas ações delituosas”, afirmou Serraglio. Para ele, as pressões do mineiro e do também senador Renan Calheiros (MDB-AL) teriam sido decisivas para sua saída do ministério.

Em notas, as assessorias de Aécio Neves e Renan Calheiros contestaram as acusações de Serraglio.