Comportamento

Na "Terra do Vinho", a tradição da fabricação artesanal de pães na Serra Gaúcha

Na "Terra do Vinho", a tradição da fabricação artesanal de pães na Serra Gaúcha

Quem mora na Serra Gaúcha sabe o valor de um bom vinho, correto? Mas, para apreciar a nossa mais tradicional bebida, ela precisa estar acompanhada de um queijo, um salame, uma copa e, claro, do tradicional pão colonial.

Dando sequencia as reportagens especiais sobre o Dia do Vinho, comemorado no próximo domingo (06) a reportagem do Grupo RSCOM esteve na Casa Velha Produtos Coloniais, às margens da RSC-453, em Farroupilha e acompanhou o trabalho artesanal da produção de pães.

Conforme um dos proprietários, Fernando Fabris, a equipe começa cedo a trabalhar. Por volta das 3h da madrugada as máquinas começam a juntar os cerca de 350 quilos de farinha utilizados ao longo do dia com o sal, o fermento e a água. Essa, ao lado das estufas usadas para a massa crescer, são as únicas coisas que lembram uma indústria. Todo o restante do processo é feito pelas mãos dos seis membros da família Fabris e de três funcionários que trabalham no estabelecimento.

Às 6h a primeira fornada está pronta. Ao todo, serão pelo menos mais 20 até o final do dia, resultando em mais de 700 pães feitos. Nos finais de semana esse número ultrapassa a casa do milhar para atender a quem chega no local.

Alias, os clientes não são apenas de Farroupilha, Fabris diz que pessoas de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Carlos Barbosa e Garibaldi vão ao local buscar a iguaria.

O forno é uma atração a parte. Feito de tijolo e cimento, com duas entradas, ele é aquecido a 280º com lenha de reaproveitamento. Após, as brasas são retiradas e a massa começa a assar apenas com o calor deixado dentro. Cerca de 40 minutos, o cheiro de pão quente toma conta da loja que já conta com clientes esperando duas, três, às vezes até mesmo 10 unidades do pão quentinho. O movimento é intenso ao longo de todo o dia.

Fabis contou como começou a Casa Velha Produtos Coloniais.

“Eu trabalhava com verduras, fazia entrega aqui nas cidades. E sempre que eu passava por aqui via  casa sempre ocupada. Um dia eu vi a placa de aluga-se. Decidi que era o momento de começar o meu próprio negócio”, disse.

Além dele e da filha, outras pessoas da família tocam o empreendimento.

“Trabalhamos eu e ela, minha nora e meus outros dois filhos”.

A esposa ajuda em casa com a lavagem de toalhas e os cuidados com os materiais de trabalho.

Entre o início da produção da massa e o pão entregue para o cliente, são cerca de quatro horas de trabalho. A parte mais demorada é o crescimento nas estufas. Por isso, todos os dias, por volta de 15h a produção é encerrada para que todas as unidades sejam vendidas até por volta das 19h. Mas, ainda de madrugada a farinha volta a fazer parte da vida da família.

Além do pão, a Casa Velha Produtos Coloniais vende salame, queijos, copa, geleias biscoitos, cucas, sucos e vinhos.

De forma simples, com muito carinho e união, a família Fabris é uma das tantas que mantém viva uma das mais antigas tradições deixadas pelos primeiros imigrantes que chegaram à Serra Gaúcha por volta de 1870 e que é passada de geração para geração: o feito de um delicioso pão caseiro que une a todos em volta da mesa.