A cachorrinha Mel, que vive na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no Apanhador e que ficou famosa na última semana após ter interceptado uma sacola com mais de um quilo de maconha, cocaína e chips para telefones celulares que havia sido jogada para dentro dos muros do presídio, chamou a atenção mais quando encontrou uma outra sacola, só que desta vez apenas com celulares.
A ação da Mel, ocorreu na manhã desta segunda-feira (06) quando os policiais faziam a ronda para averiguar uma movimentação na parte externa do presídio, ao observar o comportamento da cachorrinha, os brigadianos viram que ela estava com uma sacola na boca e dentro havia três celulares e três carregadores que ela entregou aos agentes.
A pergunta que se faz agora é como pode a Mel, uma cadelinha pequena, sem treinamento e que, muito possivelmente foi abandonada às margens da Rota do Sol, ter aprendido a se comportar como um cão policial dentro dos muros do presidio?
Vamos tentar responder:
Agentes da Susepe adotaram Mel. Ela ficava sempre na parte externa da cadeia, em zona rural caxiense, até que os servidores resolveram dar um lar para a cachorrinha. Uma casinha, uma roupinha para os dias frios, água, alimento e muito carinho. Ao todo são sete cães que foram abandonados nos arredores e são tratados pelos agentes com dinheiro do próprio bolso, sem onerar o Estado. Inclusive, muitas vezes fizeram ‘vaquinhas’ para tratamentos e cirurgias dos animais que ao abandonados nos arredores.
Todos os animais ficam longe dos apenados. Há portões, cercas, isolamento, nenhum tipo de contato. Todos são bem cuidados e protegidos.
Mas, como explicar que Mel tenha quase se tornado um cão farejador treinado? Reciprocidade? Talvez. Mansa e carinhosa, a cachorrinha é silenciosa, mas mantém sempre os olhos e ouvidos atentos a qualquer movimentação suspeita.
Foi assim na madrugada gelada da última quinta-feira (2), quando Mel ouviu um barulho estranho e foi até a pista da penitenciária. A cachorrinha fez um alarde com uma sacola na boca e encontrou 1,2 kg de maconha, mais de 150 gramas de cocaína e objetos para telefones celulares.
Aliás, as tentativas de arremesso de drogas para a parte interna do presídio têm sido rotineiras. A Brigada Militar (BM) responsável pela guarda externa, tem encontrado drogas em bolas de tênis, em sacolas, e até um drone foi apreendido na tentativa de entregar drogas para os apenados. Na parte interna, aí cabe a Susepe encontrar materiais ilícitos. E eles Esta o sendo apreendidos aos montes.
Familiares e visitantes dos detentos tentam ingressar com entorpecentes dentro de sacos de erva-mate, em rolos de papel higiênico, solas de tênis, enfim. A criatividade tem sido testada, mas tudo está sendo apreendido. Em um único domingo, nove pessoas chegaram a ser presas em flagrante por tráfico de drogas.
“Muitos destes materiais ilícitos são encontrados dentro das sacolas assistenciais, seja por revista ou passando pelo scanner”, salienta o diretor da penitenciária, Jeferson Rossini.
O trabalho bem desenvolvido após a prisão em flagrante de um dentista que era vinculado à prefeitura de Caxias do Sul, tem atrapalhado os criminosos na busca por drogas. Talvez essa seja uma das motivações de Mel, guiada pelo carinho e pelo exemplo, a seguir os passos dos agentes da Susepe e BM no combate ao crime.
Acompanhe o vídeo e conheça a história da Mel:
Texto e edição: Maicon Rech e Mauro Teixeira