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Magazine Luiza (MGLU3): Após cair 80%, ação continua cara, diz analista; “Precisa entregar muito”

Magazine Luiza (MGLU3): Após cair 80%, ação continua cara, diz analista; “Precisa entregar muito”

A vida dos investidores do Magazine Luiza (MGLU3) não está fácil. A ação, que desmoronou no ano passado, continua em forte queda em 2022. O papel já acumula tombo de 45% neste ano. Desde sua máxima, em meados de julho de 2021, o Magalu derreteu 80%. Segundo o sócio da gestora carioca 051 Capital, Flávio Aragão, há um alçapão no fundo do poço das ações do Magazine Luiza.

“Mesmo caindo 80%, ela segue uma empresa negociada a múltiplos absurdos, muito acima do valor patrimonial. É uma empresa cara”, afirma em entrevista ao Money Times.

Para ele, o problema está nos resultados. O varejista tem queimado caixa em meio à alta dos custos, explica. Ele classifica as operações do varejista como “terríveis”. “O Magalu tem um bom caixa, porém está precisando entregar muito crescimento e resultados para os seus acionistas”, completa.

De acordo com dados do BTG Pactual, nas cotações de 16 de maio, o Magazine Luiza exibia um preço sobre lucro (P/L) de 112,7 vezes, mais caro que no ano passado, quando tinha P/L de 89 vezes. O preço sobre lucro mede o tempo que o investidor levará para recuperar seus investimentos. Quanto menor o indicador, mais baratas as ações.

1º trimestre do Magazine Luiza
O resultado do primeiro trimestre, que poderia ser um gatilho para as ações, ajudou os papéis a caírem mais. Ainda que a empresa tenha conseguido repassar os custos da inflação aos clientes, não houve ganho de alavancagem operacional na comparação anual que, combinado com elevação das despesas financeiras líquidas e outros efeitos não recorrentes, resultou em prejuízo, lembra o BB Investimentos.

“A nosso ver, além do impacto negativo decorrente do cenário macroeconômico para o segmento de bens duráveis, com inflação e taxa de juros elevadas, o desempenho das ações da companhia reflete também a preocupação dos investidores com a capacidade de manutenção de crescimento com rentabilidade, diante da acirrada concorrência e da necessidade de investimentos em serviços para se destacar frente aos pares pressionando margem operacional”, coloca Georgia Jorge, do BB.

Após os números, a corretora rebaixou a recomendação de compra para neutra, mas manteve o preço-alvo em R$ 7,50, embora ressalte que os números do primeiro trimestre e o cenário macroeconômico não foram incorporados ao valor.

Não continuará fácil
O atual cenário econômico não mudará da noite para o dia e continuará até, pelo menos, o fim do ano. Segundo o BTG, três fatores pesam para a ação:

desaceleração no e-commerce local, também impactado pela reabertura total das operações de lojas físicas;
concorrência de players nacionais e internacionais (mais descontos, subsídios e CAC crescente); e
preocupações com margens sustentáveis para os players de e-commerce, dada a perspectiva mais competitiva à frente.
Mesmo assim, os analistas do BTG estão otimistas com a empresa no longo prazo.

Segundo a equipe de análise, o e-commerce continua sendo uma tese estrutural positiva, “mas com grande ruído de curto prazo, ao qual o Magazine Luiza está altamente exposto, enquanto a recuperação nas vendas de lojas físicas também deve ser fundamental para um re-rating”, coloca.