Caxias do Sul

Indústria da Multa ou da Infração? A rotina de um Fiscal de Trânsito em Caxias

Indústria da Multa ou da Infração? A rotina de um Fiscal de Trânsito em Caxias

Condutores sem cinto de segurança. Carros e caminhões estacionados em cima de calçadas. Acidentes. Estacionamento em local proibido. Blitz. Denúncias. Um pouco do dia a dia dos Fiscais de Trânsito de Caxias do Sul. A reportagem do Portal Leouve acompanhou nesta sexta-feira (3), uma equipe da Secretaria Municipal de Trânsito Transportes e Mobilidade (SMTTM) para ter a experiência de ser um “Fiscal por um Dia”.

O ato integra o Maio Amarelo, mês de conscientização do trânsito e, também, para diminuir o elevado número de mortes em decorrência de acidentes – já são 21 óbitos confirmados.

Primeiro, uma breve orientação na Escola Pública de Trânsito (EPT). Depois, às 9h, começam as ocorrências. A primeira, de cara, um acidente na Avenida São Leopoldo, entre a BR-116 e a Perimetral Sul com meia pista bloqueada. Uma colisão apenas com danos materiais e um exercício de paciência dos fiscais. Um indivíduo exaltado aos poucos foi se acalmando com as orientações dos servidores públicos.

 

Feita a ocorrência, hora de averiguar denúncias de obstrução do passeio público no bairro Kayser. Ou seja, veículos estacionados em cima da calçada, bloqueando a passagem de pedestres. No primeiro caso, na Avenida Bom Pastor, dois caminhões e um carro atrapalhavam a travessia de populares. Depois, na Rua Arthur Tiellet, um carro estacionado em cima da calçada, na frente da casa do proprietário. Orientado, liberou o fluxo. Em nenhum dos casos houve autuação, apenas a orientação por parte dos fiscais.

 

O mesmo ato de orientar aconteceu com um condutor que havia estacionado o carro em cima da faixa de segurança na Rua Santos Dummont, no bairro Exposição. Depois, a primeira multa da manhã: veículo estacionado na vaga reservada para carga e descarga na Rua Os 18 do Forte, quase esquina com a Vereador Mario Pezzi. Neste caso, por 30 segundos, o carro não foi guinchado. A remoção já estava no local, mas como o condutor chegou a tempo, foi atuado e não teve o veículo levado pelo guincho.

Joelson Queiroz, gerente da Escola Pública de Trânsito, enfatiza que a programação tem o intuito de tornar o trânsito caxiense mais seguro. Além disso, ele faz uma comparação entra a dita “indústria da multa” e a “indústria da infração”.

“Primeiro, a imprensa acompanha o trabalho do Fiscal de Trânsito e a partir da semana que vem já estamos com a agenda completa para que a população possa vivenciar o nosso trabalho e ver o que o oficial de trânsito realmente sofre na pele, Muitas pessoas falam em indústria da multa, mas o que a gente pode observar é a indústria da infração. A gente vê inúmeras infrações e cada um com suas justificativas. Nós estamos neste trabalho para tentar mudar esta realidade, para minimizar os riscos de acidente e que as pessoas mudem seus comportamentos, para o trânsito ser mais seguro e com mais fluidez em Caxias do Sul”, diz.

Foram duas horas e meia de acompanhamento da reportagem com os fiscais de trânsito.

Números

Considerado uma importante proteção em casos de acidentes, o cinto de segurança ficou em desuso no trânsito de Caxias do Sul nos primeiros três meses de 2019. Um levantamento da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) mostra que, em comparação com o mesmo período do ano passado, as autuações pela falta de uso do equipamento quase triplicaram na cidade: passaram de 153 em 2018 para 431 de janeiro a março deste ano, um crescimento de 180%.

Os dados consideram os casos flagrados diariamente pelos fiscais de trânsito, tanto de condutores como de passageiros, no banco dianteiro ou traseiro, sem a utilização do equipamento de segurança. O uso do cinto é obrigatório em todo o país há 21 anos e, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), deixar de usar o equipamento é uma infração considerada grave, com multa de R$ 195,23 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Outras infrações relacionadas ao comportamento dos condutores foram na contramão e apresentaram queda em Caxias do Sul. As autuações sobre falar, usar ou manusear o telefone celular ao volante caíram 15% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 557 flagrantes em 2019 contra 660 em 2018.

Em relação às imprudências de avanço do sinal vermelho nas sinaleiras, foram 11% menos casos flagrados pela SMTTM. Em 2019, 398 condutores foram autuados pela prática e 451 no ano passado.

Fotos: (Maicon Rech/Grupo RSCOM)