Polícia

Foragido número um do Rio Grande do Sul é capturado em restaurante de luxo no Rio de Janeiro

Criminoso escapou diversas vezes da Polícia e montou base em Orlando, nos EUA, onde também tinha empresa de aluguel de veículos para lavagem de dinheiro

Foragido número um do Rio Grande do Sul é capturado em restaurante de luxo no Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/PC

O foragido número um do Rio Grande do Sul foi capturado no Rio de Janeiro pela Polícia Civil após inúmeras fugas e vida de luxo no exterior. Fernando Luis do Val Junior, natural de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, é um dos chefes da facção com berço no Vale do Sinos, foi encontrado no último domingo (15) em um restaurante de alto padrão numa praia da Barra da Tijuca. No ano de 2021, o investigado foi alvo de uma investigação do Denarc, sendo preso por operar aeronaves responsáveis por transportar cocaína ao Estado. Além disso, houve o sequestro judicial de uma dessas aeronaves.

Vida de luxo em Orlando, fugas e captura

Após a fuga para os Estados Unidos, Val Junior montou uma base logística em Orlando, na Flórida. Ele se aliou a um norte-americano e montou uma empresa de aluguéis de veículos, utilizada para lavagem de dinheiro. No exterior, o investigado levava uma vida de alto luxo, fazendo viagens em barcos de alto padrão e frequentando locais de encontro de celebridades.

Com a ramificação de seus contatos e aumento da base logística, ele aumentou de forma exponencial sua capacidade operacional, sendo que atualmente dominava a rota de tráfico aéreo de drogas no Rio Grande do Sul, introduzindo mais de 400 quilos de cocaína por semana no Estado.

Com alta capacidade financeira, Val Junior passou a integrar a cúpula do grupo criminoso, sendo inserido, recentemente, no alerta vermelho da Interpol, que permite que criminosos de repercussão internacional sejam capturados no exterior.

Em novembro de 2022, ele foi avistado pela num aeroporto fora do Brasil, já com seu alerta na difusão vermelha da Interpol, mas conseguiu identificar que estava sendo monitorado e fugiu pelo aeroporto, abandonando suas malas e não sendo mais localizado.

Já em dezembro de 2022 o acusado foi localizado e abordado em um barco de luxo na Guiana, com mais três brasileiros. Por circunstâncias ainda desconhecidas, o investigado conseguiu, mais uma vez, fugir das autoridades, vindo a se refugiar em um país da América Central.

Há uma semana, com a entrada do alvo no território nacional, a equipe de investigação passou a tentar identificar seu destino específico, apurando que ele estava escondido em um condomínio de luxo na zona leste da cidade do Rio de Janeiro.

No domingo, a equipe da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN), em uma operação de alto risco, localizou o alvo e efetuou sua prisão num restaurante de alto padrão numa praia da Barra da Tijuca.

O investigado foi transportado de volta ao Estado do Rio Grande do Sul por meio do avião da Polícia Civil, aeronave obtida pelo estado em razão de pedimento judicial no ano de 2022 pelo transporte internacional de drogas.

O preso foi colocado à disposição da justiça para responder criminalmente por todos os seus delitos.

Cocaína e armas de guerra

Na investigação desencadeada em 2022, foi possível apurar que o investigado coordenava o esquema logístico de distribuição de cocaína via aérea no RS, além de transportar e traficar armas de fogo de guerra, como metralhadoras .50 com capacidade de derrubar aeronaves.

Também se apurou que o alvo usava rotas e pistas clandestinas para a remessa da cocaína, fazendo até mesmo sobrevoos com aeronaves carregadas com a droga em cima de casas prisionais, como a Penitenciária Estadual do Jacuí.

Em razão da investigação, em que foram sequestrados judicialmente 38 imóveis, 115 veículos, também foram sequestradas duas aeronaves usadas por ele no transporte de drogas.

Esse mesmo investigado operava um grande esquema de lavagem de dinheiro com a uso de pedras preciosas, buscando por vezes diamantes e esmeraldas na Europa e na Índia.

Também foi possível apurar a conexão do alvo com o Cartel Mexicano de Sinaloa, em que um dos seus contatos transportava cocaína pela América do Sul e Central com a utilização de um submarino.

Ainda na Operação Kraken, em abril de 2022, o criminoso obteve uma ordem judicial de soltura da operação anterior do Denarc e logrou êxito em fugir do País.