A Escola Estadual de Ensino Fundamental Antônio Soldatelli, está com o seu funcionamento comprometido desde o início do ano letivo de 2021. A falta de professores afeta não somente o aprendizado dos alunos como também o desempenho dos profissionais que acabam deixando de lado seus afazeres para poder suprir essa falta.
Segundo Jozeane Cristina Bergoli Klock, diretora da escola essa situação está ficando insustentável. “Eu tenho ido pra sala de aula, consegui professor de matemática pro 6º e pro 9º ano, fiz uma troca com uma professora que da aula de ciências e consegui com que ela desse essa matemática que a coordenadoria autorizou”.
O 7º e o 8º ano estão sendo assistidos pela própria diretora, que está dividindo suas responsabilidades com as salas de aula. “Eu tenho planejado aulas de matemática, tenho ido pra sala, encaminho as atividades, retorno aqui pra minha sala pra fazer o meu trabalho, volto lá tiro algumas dúvidas, explico alguma coisa, oriento eles, mas assim, ter um professor efetivo, regente de classe que fique lá o turno inteiro não tem. Eu não tenho tempo disponível para ficar somente com eles, por que tenho toda a minha parte aqui da direção pra suprir”, relata a diretora.
Jozeane relata que além da falta de professores de matemática, a escola enfrenta também a falta de professores de língua portuguesa e séries iniciais (2º ano), porém com um agravante: “Como tu vai deixar uma turminha de 2º ano sozinha que nem todos conseguiram se alfabetizar ano passado em função da pandemia? Eles tinham aulas online e em agosto voltou o presencial, mas nem todos voltaram para as salas de aula. Vários deles passaram de ano sem saber ler e escrever. Agora a gente tem um 2º ano que tem uns alfabetizados e uns não e ainda sem professor tendo que deixar eles uns dias em casa. Ta gritante essa necessidade de professores, ta bem complicado e a gente não sabe como fazer”, desabafa Jozeane.
A escola que atende alunos do 1º ao 9º ano conta no momento com cerca de 170 estudantes. “Estamos atendendo eles do jeito que da, cada pouco alguém do setor pedagógico ou da direção desce lá e atende eles, encaminha atividade, retorna ou deixa alguns dias em casa pra poder fazer uma troca e dar conta também do nosso serviço”.
Jozeane relata que faz contato diariamente para informar a situação e buscar solução. “Eu informo via sistema as necessidades, entro diariamente para ver como esta a movimentação, mando pra coordenadoria, eles mandam pra SEDUC, volta pra coordenadoria. Isso do sistema, mas eu fico ligando todo dia pra ver como a situação está”.
Na próxima segunda-feira (4), a direção da escola, juntamente com um representante da comunidade, a presidente do CPM e um vereador local, terão uma reunião com a coordenadoria da 4ª CRE para tentar resolver essa situação.
Em contato com a coordenadoria da 4ª CRE nos informaram que algumas contratações já estão sendo encaminhadas, mas para as disciplinas de português e matemática não tem banco. “Não é só nessa escola de Flores da Cunha que não tem professores, o próprio município esta abrindo um seletivo para contratação de professores, mas a gente tem intuído para que a escola atenda os alunos na medida do possível”, relata Viviane da 4ª CRE.
Lembrando que sim, o município está com as inscrições abertas para o processo seletivo simplificado que visa a contratação de professores, porém este edital é válido somente para escolas municipais.
Além de todos esses problemas com a falta de professores, Jozeane relata que a merenda escolar foi entregue apenas na semana passada. As aulas iniciaram no dia 21 de fevereiro e os alunos ficaram esse primeiro mês sem este benefício. Lembrando que a alimentação escolar é um direito garantido pela Constituição Federal, como um programa suplementar à educação. Assim, o Estado tem a obrigação de prover, promover e garantir que os estudantes recebam alimentação durante o período em que estiverem na escola.