Justiça

Ex-secretário de Nova Pádua é condenado por torturar a amante em Caxias do Sul

Samoel Smiderle foi culpado por preparar uma emboscada para que sua esposa e a irmã dela agredissem e humilhassem a vítima. As duas irmãs também foram condenadas

(Foto: Marcos Cardoso/Grupo RSCOM)
(Foto: Marcos Cardoso/Grupo RSCOM)

Samoel Smiderle, 34 anos, foi condenado por tortura e dano qualificado contra uma amante em Caxias do Sul. O caso repercutiu intensamente em Nova Pádua, pois o réu era secretário de Agricultura e Meio Ambiente daquele município na época do crime. O entendimento é que Samoel preparou e participou da emboscada para que sua esposa Cláudia Luciane Grando, 43, a irmã de Cláudia, Cristiane Aparecida Grando Cavagnolli, 45, espancassem e humilhassem a amante dele. O ataque aconteceu na lagoa do bairro Desvio Rizzo, no dia 1º de novembro de 2020.

A sentença foi publicada nesta quarta-feira (29) pelo juiz Luis Filipe Lemos Almeida, do Juizado da Violência Doméstica. Samoel foi condenado a seis anos, quatro meses e sete dias de reclusão, com cumprimento em regime semiaberto. As irmãs Cláudia e Cristiane foram condenadas a quatro anos e oito meses, também em semiaberto. A pena de Samoel foi maior justamente por ele ser servidor público na época do crime.

Pelo Ministério Público (MP), os três réus haviam sido denunciados por tortura, estupro, roubo e dano ao patrimônio. Na sentença, o magistrado unificou os delitos de tortura-castigo, na qual descritas original e isoladamente as agressões físicas, as agressões dirigidas à dignidade sexual e ao patrimônio da vítima.

“Tínhamos certeza da condenação por todo contexto produzido em provas, mas expresso descontentamento pelo tamanho da pena. Acreditava que era um caso de regime fechado, ou seja, mais de oito anos de pena. Em razão disso, iremos interpor um recurso para aumento de pena. Também queremos a reversão dos dois delitos que houve a absolvição: coação e da divulgação de fotografias nudez. Iremos buscar uma condenação também em segunda instância”, avaliou a advogada Daniela Silva, assistente de acusação no processo.

O réu Samoel Smirdele foi defendido pelo advogado Ricardo Cantergi, que declarou que irá recorrer da sentença. O advogado não quis se manifestar de quais pontos discorda da sentença.

As irmãs Cláudia e Cristiane foram representadas pela Defensoria Pública. A reportagem tenta contato com a defesa delas. Segundo o advogado Cantergi, as duas rés condenadas declararam que também irão recorrer da sentença.

Relembre o caso

A investigação policial apontou que Smiderle e a vítima tinham um relacionamento extraconjugal. Cláudia descobriu o caso, o que levou ao fim da relação entre o secretário e a outra mulher.  No dia 1º de novembro de 2020, Smiderle marcou um encontro para conversar com a ex-amante na lagoa do bairro Desvio Rizzo. Era uma emboscada.

A denúncia relata que a vítima foi surpreendida por Cláudia, Cristiane e mais duas mulheres. O grupo teria segurado a vítima contra o chão e teria colocado um pano na boca dela para evitar pedidos de socorro. Samoel teria se afastado e se escondido atrás de uma árvore para assistir, prestar apoio e auxiliar na fuga das agressoras.

Segundo o MP, a mulher foi agredida com chutes, socos e arranhões pelas outras quatro mulheres. As agressoras ainda rasgaram a roupa da vítima e cortaram o seu cabelo. A violência física, as ameaças de morte e o sofrimento psicológico levaram o MP a classificar o crime como tortura.

Entre as agressões, houve o estupro praticado por Cláudia, segundo a denúncia. As agressoras, com apoio de Samoel, também roubaram uma aliança de ouro, um celular e a carteira da vítima, além de furarem os pneus do carro dela.

A denúncia ressalta que as agressões só terminaram quando populares interviram, o que fez o ex-secretário de Nova Pádua e as quatro mulheres deixarem o local. No entendimento da Promotoria, o crime foi premeditado por Samoel e Cláudia.

Após os fatos, a vítima conseguiu uma medida protetiva que proíbe Samoel de se aproximar dele. A repercussão da denúncia feita pelo Ministério Público levou ao afastamento de Samoel Smiderle da prefeitura de Nova Pádua, em maio de 2021.