Há no mundo um conjunto de princípios que serve de base a um sistema doutrinário filosófico, literário ou religioso que pregam a possibilidade de saber quem fomos. Desde videntes ou adivinhos até aqueles supostamente mais intelectualizados com formação acadêmica no ramo da psicologia que estudam as experiências que transcendem as leis da natureza, muitos sob o título de “regressão” afirmam a possibilidade de regresso a um período anterior à atual vida corpórea.
O espiritismo, por exemplo, defende este princípio como sendo a reencarnação, onde a pessoa falecida voltaria à vida no corpo de outra pessoa. O cristianismo fala em ressurreição dos corpos no dia do chamado “Juízo Final”.
Não tenho dúvida que muitas pessoas possuem uma sensibilidade de acesso ao inconsciente. A prática ou hereditariedade destes indivíduos facultam um potencial ou habilidade de buscarem informações que estão depositadas em outro intelecto. Inclusive temos vários exemplos listados nos “Livros proféticos” do Antigo Testamento, entre eles Daniel, Isaías, Jeremias e Ezequiel.
Sem o propósito de lançar prejulgamento na veracidade de informações profetizadas, muito menos descredibilizar profissionais da área, mas a questão a ser respondida é saber se as afirmações ou alegações emitidas são passíveis de serem comprovadas e se haveria uma metodologia científica para certificá-las ou validá-las?
Para tal incumbência o modelo de raciocínio que usaremos terá como base o silogismo científico aristotélico descrito em sua obra “Analytica Priora”. Aristóteles criou este método de estudo para fundamentar a lógica que leva seu nome. Consiste em um raciocínio dedutivo formado por três premissas ou proposições verdadeiras, onde as duas primeiras resultará em uma terceira válida.
E o ponto de acesso a estas comprovações parte de uma reflexão de “quem somos”. De forma serena e racional, sem apegar-se a vaidades, relacione suas principais características positivas e negativas e estas verificações serão as premissas do silogismo.
Veja que começaremos a delinear ou projetar quem você foi, visto que dentro de um princípio evolutivo as mudanças ocorrem de forma gradual, conservando as principais características passadas, embora, mais brandas e suavizadas, principalmente as de cunho negativo. Assim no aspecto emocional, digamos que você já sabe as características marcantes de quem foi.
Dentro de uma Justiça e Lógica Divina, relacionado à questão do merecimento, suas conquistas são preservadas e as dívidas contraídas devem ser pagas.
A questão intelectual e seus gestos marcantes ainda lhe pertencem. Suas inclinações, aptidões e expressões formam a genética espiritual ou “paragenoma”.
Por sua vez, o “paragenoma” também influencia o “genoma” que em consequência afeta a fisiologia do seu corpo, fazendo com que suas características físicas, orgânicas e bioquímicas tomem a forma correspondente.
Portanto o código genético corporal deriva da genética espiritual. Digamos que cada gene ou molécula do DNA venha ser um recipiente ou reservatório onde está depositada as principais características acumuladas no transcorrer da existência do espírito. Algumas moléculas estariam em determinado nivelamento ou preenchimento conforme a carga cármica ou pecado acumulado.
A insistência nos erros faz com que este recipiente transborde e o castigo ou penalidade sirva como remédio curativo trazendo o indivíduo para o caminho certo.
Eis a razão que observamos em determinadas situações que envolvem transgressores aparentemente menores serem penalizados com mais rigor que os maiores, pois seu recipiente estava em nível crítico. Obviamente a questão divina também está presente conforme a expressão “Deus não dá fardo maior que podemos suportar”, fazendo com que a dívida venha ser paga no momento certo.
De outra forma, o meio social e familiar que estamos inseridos é resultado da maior força eletromagnética do universo que é o “amor”. Não reencarnamos em ambiente totalmente adverso as nossas características, caso contrário à vida se tornaria insuportável. Despertando entre “os nossos” a caminhada se torna mais suave, profícua e frutífera.
Por fim, usamos da racionalidade e do bom senso, através de uma lógica aceitável para compreendermos que “somos” quem “fomos”, numa versão lapidada pelas circunstâncias da vida.
“Ainda que eu tenha o dom de profecia, saiba todos os mistérios e todo o conhecimento e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei”. 1 Coríntios 13:2
Escrito por Mauro Falcão, em 20.02.2021, para o Portal Leouve.’.