A Embrapa Uva e Vinho, localizada em Bento Gonçalves foi ponto de encontro de uma importante reunião na manhã de quinta-feira. Pesquisadores apresentaram a representantes do setor vitícola e na presença de representante do Ministério da Agricultura a proposta para o novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático para uva (ZARC Uva). O estudo, que abrangerá os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi aprovado com indicação para pequenas adequações e serve para que regiões antes descobertas possam ter acesso ao seguro agrícola.
A nova versão irá contemplar todos os municípios dos estados, com exceção dos localizados na região litorânea, devido às condições de elevada umidade e alta favorabilidade para incidência de doenças fúngicas. Até então os parâmetros utilizados eram de 2005 e cada estado definia métodos próprios. A partir de agora haverá uniformidade na elaboração do ZARC que em todo o país será responsabilidade da Embrapa.
Trata-se de um trabalho extenso e pormenorizado que, segundo o coordenador Marco Antônio Fonseca Conceição deve estar publicado no Diário Oficial até dezembro – além da uva, várias outras culturas, como o soja, por exemplo, também estão tendo este trabalho elaborado.
O ZARC será parâmetro para auxiliar na previsibilidade de intempéries climáticas (especificamente geada ou seca) e balizará a contratação de seguros agrícolas, do governo ou paricular.
O coordenador dos trabalhos explica a importância do trabalho e da unificação dos critérios apresentados. “A partir das diferentes variáveis, foram considerados como principais riscos climáticos as ocorrências de geadas e secas, padronizando assim, os índices climáticos para todo o Brasil”, sintetizou Marco Antônio Fonseca Conceição,
Na sua avaliação, os critérios e as variáveis utilizadas atualmente para essa unificação exigiram uma simplificação para abranger o território nacional, com especificidades para cada região que serão detalhadas na nota técnica que irá acompanhar a Portaria. Estão sendo considerados três tipos solos, cinco tipos de cultivares (variando de precoces a tardias) e a segmentação por municípios, considerando as variáveis climatológicas. “No futuro, acreditamos que as propriedades possam ser georreferenciadas e, dessa forma, seja possível calcular o risco específico para cada local”, detalhou Conceição, que contou com a participação da pesquisadora Maria Emília Borges Alves na força tarefa para a implementação do ZARC Uva.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal mostrou certo ceticismo quanto à utilidade do trabalho. “Do noso ponto de vista este xzoneamento vai ajudar as seguradoras, não sei se trará algum benfício ao agricultor”!.
Para Luís Balduíno Gonçalves, coordenador técnico da Análise de Risco do MAPA, a expectativa da publicação do zoneamento da uva é bastante grande, pois é a primeira cultura perene que está sendo revisada. A nova metodologia utilizada, que leva em consideração os tratos culturais, em especial a brotação, irá resolver a principal reclamação dos produtores na hora de buscar o financiamento, pois a anterior somente considerava os períodos de plantio o que em muitos casos impedia o financiamento. “Com certeza a classe produtiva será atendida e o modelo poderá auxiliar as outras culturas”, avaliou.
“A Embrapa está disponibilizando o ZARC Uva. Agora é importante que o setor ajude a consolidar e a refinar essa ferramenta, ajustando à realidade da viticultura”, pontuou o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Uva e Vinho, Adeliano Cargnin, que coordenou o evento. Ele destacou a importância do ZARC como uma ferramenta confiável e segura para todo o setor agrícola, que desde 1996 está sendo utilizada. No caso específico da cultura da uva, ele ainda citou como importantes parâmetros a serem considerados o Zoneamento de Aptidão para a cultura e também o Terroir, no caso do vinho.
Estiveram presentes no encontro representantes da Embrapa, Ibravin, Fecovinho, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS, Emater/Ascar-RS, Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Agavi, Senar, Secretarias e prefeituras municipais, Sindicatos Rurais, Vinícolas e viveiristas.
Segundo José Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária e coordenador geral do ZARC, agora as informações serão consolidadas e o relatório final elaborado para envio ao Ministério da Agricultura para publicação da portaria no Diário Oficial da União até o final do ano.