Em meio a pandemia, mercado do vinho investe em inovações para aumento de vendas no RS

Neste domingo, dia 6 de junho, é celebrado o Dia Nacional do Vinho, e em homenagem a essa data, o Grupo RSCOM promove uma série de reportagens especiais sobre o mercado vitivinicultor na Serra Gaúcha.

A pandemia atingiu todos os setores da economia, e o do vinho não foi uma exceção. Seja o comércio em questão um supermercado, um e-commerce ou uma boutique, todos os comerciantes tiveram que se adequar a nova realidade para manter seus negócios operando.

De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), Antônio Longo, a situação da pandemia e do isolamento social fez com que as pessoas priorizassem o custo-benefício na hora de comprar um produto, o que favoreceu a venda do vinho nacional.

“O aumento da qualidade e da qualificação de todas as vinícolas fez com que o consumidor elegesse o vinho nacional como o vinho preferido, com o melhor custo-benefício”, afirma o empresário. “O vinho nacional foi o grande vencedor neste ano, onde os supermercados acabaram identificando e reconhecendo a categoria vinhos como uma categoria muito rentável, uma categoria que você tem que conhecer, que ter amor, porque tem muitas variedades”, conclui.

O presidente ainda conta que, cada dia mais, os supermercadistas estão investindo na ampliação da diversidade, selecionando vinhos por nacionalidade, casta, vinhedos e tipos de uvas, e que essa dedicação é algo que têm realmente encantado os clientes.

Boutiques e pequenos negócios

Em paralelo com os supermercados, temos os pequenos comércios e boutiques, como é o caso da Adega Dorna, localizada na Avenida Rio Branco, em Caxias do Sul.

A boutique surgiu em janeiro de 2020, da união de paixões do casal de empresários Janay Caon Pieruccin e Adriano Bizarro. Ambos já possuíam seus negócios individuais, mas queriam algo que os dois amassem, para trabalharem juntos. E foi assim que chegaram à ideia da venda de vinhos importados.

Inicialmente, a dupla inaugurou a adega de forma virtual, apenas no e-commerce, mas com o sucesso imediato, foi possível a abertura, no mesmo ano, de uma loja física. O trabalho do casal é diário, em vendas e consultoria. Janay conta que grande parte dos clientes acabam vendo o produto online, mas realizando a compra pelo whatsapp, podendo assim solicitar uma opinião e mais informações dos vendedores.

Um dos temores dos proprietários ao abrir o negócio foi o julgamento do público pelo seu foco nos vinhos importados, como se fosse uma forma de desmerecer o produto nacional. Janay relata como a ideia foi exatamente o contrário, focando no vinho de outros países para não competir diretamente com a produção local.

“O nosso diferencial, até por estar próximo da região dos vinhedos, é o vinho importado. Embora tenhamos também o nacional. Não por questão de achar que um é melhor que o outro, mas apenas pra gente não concorrer com as belíssimas vinícolas que temos por aqui”, explica.

A adega Dorna trabalha com vinhos de todos os países, possibilitando aos clientes viajar sem sair de casa. Com a diversidade da boutique, é possível provar vinhos de locais como Bósnia, Croácia, Grécia, Líbano e muitos outros.

Janay ressalta que um dado que vêm lhes chamando atenção é como o público feminino da adega é maior do que o masculino, e como as mulheres são curiosas e buscam sempre provar algo diferente.

“É um diferencial interessante, a gente tem mais clientes mulheres, porém os clientes homens compram maior volume. A mulher ela gosta de experimentar mais vinhos, um pouco por vez, então ela pega um de um país, outro de outro, já o homem ele é mais conservador, ele pega uma caixa do mesmo que ele gostou, ele não é tanto assim de querer variar e isso nos chamou muita atenção”, relata.

A proprietária conta que o mercado de vinhos na pandemia oscilou bastante, mas teve um saldo positivo. Em 2020 no forte da pandemia e do inverno, a população precisou ficar em casa e consequentemente consumiu mais alimentos e vinhos. No final do ano a venda foi baixa, devido ao cancelamento das festas, e se manteve baixa até o final do verão. E agora, em 2021, as vendas começam a aumentar com a chegada do inverno.

E-commerce

Durante a pandemia as vinícolas precisaram se adequar. Uma das medidas que mais tem funcionado para o setor, é o e-commerce. Contudo, só isso não é o suficiente, é preciso um diferencial para conseguir atrair o público, como é o caso da Venice Wine Co que atua somente de forma online e apresenta rótulos inusitados e chamativos como “Essa merda vai passar” do último lançamento da temporada, de um Chardonnay com uma mensagem com referência ao atual cenário da pandemia.

Um dos sócios da marca, Patrick Ruppenthal de Lima conta que a empresa foi criada em 2020 e desde então já foram três lançamentos diferenciados. E devido a demanda e a procura pelo produto, decidiram distribuir o produto em pontos de venda.

“Muitos pontos de venda solicitaram. A gente já tinha se programado para ter um valor, caso isso acontecesse. Um valor diferenciado para distribuidores, e hoje a gente tem mais ou menos metade metade, assim, em vários estados do Brasil”, relata.

Ele conta que a ideia dos rótulos divertidos surgiu como uma proposta para se diferenciar dos demais.

“A ideia dos rótulos surgiu justamente devido ao e-commerce. Eu e meu sócio não somos da área do vinho. Eu sou engenheiro civil e ele gerente de banco da Caixa. No início da pandemia, quando a gente foi comprar alguns vinhos, optamos por comprar na internet e aí percebemos que a gente acabava buscando, até por não sermos conhecedores de vinhos, muito pelo rótulo, mas ao mesmo tinham poucas opções, então ficava um pouco restrito a dois ou três rótulos assim”, explica.

Hoje a loja virtual se destaca no quesito rótulos, com modelos divertidos e diferenciados. Suprindo a necessidade que a dupla de amigos percebeu ainda lá no início da pandemia. Agora, além de tomar um vinho de qualidade, os clientes ainda podem fazer aquela foto para as redes sociais ou até mesmo usar a garrafa na decoração.