Tutores e cães estiveram reunidos na manhã deste domingo (28) para um ato pacífico em frente de aeroportos do Brasil. Caxias do Sul aderiu ao movimento nacional, reunindo cerca de 70 donos de pets e seus companheiros de diferentes raças, pedindo por condições melhores no transporte aéreo de cachorros. O ato ocorreu em frente ao Aeroporto Hugo Cantergiani, por volta das 10h.
O caso do golden retriever Joca, que morreu durante o transporte aéreo da Gollog, empresa da companhia Gol, depois de um erro sobre o destino, foi a motivação para a mobilização nacional. Segundo a professora Marcela Modena, 42 anos, o caso de Joca foi o estopim para que fossem providenciados atos como este e exigir das companhias uma mudança no transporte dos cães, pois conforme os organizadores do evento, essa não foi a primeira vez que casos dessa proporção aconteceram.
“Ele morreu em uma condição precária, dentro do avião. As empresas aéreas precisam tomar atitude de mudar suas leis com relação ao carregamento de pets. Tem muita gente que luta para levar os cachorros numa cabine de avião, em uma boa condição, tanto para ele quanto para o tutor”.
Se o transporte dentro do território nacional é complicado, o procedimento para quem precisa levar o pet a outro país é mais complexo. Fabiane Bristot, 40 anos, tutora da Meggie (também golden retriever), está em processo de mudança para a Inglaterra. Desde fevereiro deste ano ela busca estar em dia e quer que sua pet esteja na cabine com a família. “A companhia não permite cães com mais de 10 kg na cabine. Como a viagem é muito longa, não tenho coragem de mandar ela como carga viva, isso desde antes do acontecimento com o Joca”.
Neste caso, a tutora continua atrás de documentação e inclusive, precisará comprar uma passagem por uma agência de turismo, pois segundo Fabiane, a empresa aérea não responde para pessoa física. “A companhia então manda uma certidão de negação por escrito, mas só para pessoa jurídica. Com a negação, esse documento vai ao juíz, para ele liberar que o animal vá na cabine comigo, se não eles não liberam”, comenta.
Fotos: Alice Corrêa/Grupo RSCOM
Caso Joca
Joca deveria ter sido levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop, Mato Grosso, no mesmo voo de seu tutor, mas foi colocado em um avião que embarcou para Fortaleza, no Ceará.
O animal acabou sendo mandado de volta para Guarulhos e, quando o tutor chegou para encontrá-lo, o pet estava morto. A família diz que o golden retriever não recebeu os cuidados necessários da empresa. A companhia aérea afirma que acompanhou o animal em todo o trajeto e o falecimento foi inesperado, já em São Paulo, depois que ele retornou.
Em nota, a Gol lamentou o ocorrido e disse ter sido surpreendida pelo falecimento de Joca. A empresa afirmou que o tutor foi notificado do ocorrido assim que chegou em Sinop e que a escolha dele foi voltar para Guarulhos para reencontrar o cachorro. A companhia disse também que se encarregou de cuidar do animal em Fortaleza até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos.
Projeto para que animais domésticos sejam transportados junto aos tutores em viagens aéreas
Apontando a necessidade de mudança na legislação, a deputada federal caxiense Denise Pessôa (PT) protocolou na quarta-feira (24) projeto de lei propondo que os animais de estimação sejam transportados ao lado dos tutores nas viagens aéreas, sendo proibida a colocação dos pets no compartimento de carga dos aviões.
O Ministério da Justiça notificou a companhia para prestar esclarecimentos saber o caso.
“A morte de um animal de estimação numa circunstância como essa não pode se repetir, é inadmissível e um erro irreparável. Precisamos de legislação que resguarde a vida dos pets no transporte aéreo, o que, por óbvio, não se dá com o tratamento que temos hoje, já que são transportados como se fossem uma bagagem ou uma mercadoria”, defende Denise.