ESTUDO

Paleontólogo de Santa Maria descobre novo réptil fóssil anterior ao período dos dinossauros

Paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) publicou estudo descrevendo nova espécie que viveu há 237 milhões de anos atrás

Foto: Janaína Brand Dillmann
Foto: Janaína Brand Dillmann

Um paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) publicou nesta terça-feira (25) um estudo no periódico científico Acta Palaeontologica Polonica descrevendo uma nova espécie de réptil que viveu há 237 milhões de anos atrás. O pequeno animal é mais antigo do que os primeiros dinossauros.

Antes que os dinossauros dominassem o planeta, uma diversidade de outros répteis ocupava os ecossistemas da Era Mesozoica. Por volta de 237 milhões de anos atrás, ainda no Triássico Médio, os dinossauros eram representados por espécies precursoras, que não eram tão diversas nem abundantes. Em contraste, diversos grupos de organismos já estavam bem estabelecidos. Muitos pertenciam à linhagem que daria origem aos jacarés e crocodilos atuais, enquanto outros faziam parte do grupo que eventualmente deu origem aos mamíferos.

O novo fóssil foi entregue ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta da Colônia da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM) em janeiro de 2024 por meio de uma doação. No centro de pesquisa, os materiais doados ficaram sob os cuidados do paleontólogo Rodrigo Temp Müller, que iniciou o trabalho de preparação e limpeza dos fósseis. Por estarem envoltos por uma camada espessa de rocha, os elementos precisaram ser preparados com o uso de marteletes pneumáticos e ácido. Durante essa etapa, o paleontólogo identificou algumas espécies ainda desconhecidas, dentre elas o fóssil de um membro posterior (perna) completo e articulado. 

Esse material em questão apresentava uma constituição peculiar, sendo mais robusto do que normalmente se esperaria para um animal daquele tamanho. Ao comparar as características ósseas da perna fossilizada, foi possível constatar que se tratava de um proterochampsídeo, mas diferente de todos os outros já conhecidos. Assim, o fóssil foi reconhecido como uma nova espécie e recebeu o nome de Retymaijychampsa beckerorum em um estudo publicado no periódico científico Acta Palaoentologica Polonica.

Janaína Brand Dillmann, Rodrigo Temp Müller e Caio Fantini

Nome e características

Retymaijychampsa beckerorum é uma das mais antigas espécies de proterochampídeos já descobertos, tendo por volta de 237 milhões de anos. Com base nas medidas da perna fossilizada, é possível estimar que o pequeno réptil teria cerca de 80 cm de comprimento. Porém, como ainda são conhecidos poucos materiais da nova espécie, não se descarta a possibilidade de que a espécie poderia ter atingido tamanhos maiores. Com base em comparações com outros proterochampídeos, pode-se afirmar que o réptil foi quadrúpede e carnívoro, uma vez que todos outros proterochampsídeos possuíam esse hábito alimentar. 

Dentre as características que mais chamam a atenção, destaca-se a robustez dos ossos da perna, indicando que a espécie possuía membros posteriores bastante fortes, possivelmente utilizados para impulsionar o animal em investidas rápidas na tentativa de emboscar presas. De fato, por meio da combinação de palavras do grego e do guarani, a configuração única da perna serviu de inspiração para o nome do gênero, que significa “crocodilo de perna forte“. Já o nome da espécie é uma homenagem a família Becker, dona das terras onde o fóssil foi descoberto.