Tudo começou no porão de casa quando João Perini, filho de imigrantes italianos, elaborou os primeiros vinhos de forma artesanal, fornecendo para cerimônias festivas da comunidade do Vale Trentino, em Farroupilha.
O ano era 1929, as dificuldades, enormes, mas a força de vontade e a fé, eram imbatíveis. Quatro décadas após o patriarca idealizar e operacionalizar a modesta produção, em 1970 as mãos de Benildo Perini, filho de João, ampliaram os negócios da família criando a Casa Perini. A motivação e o amor por transformar a uva em vinho são os destaques que ilustram a terceira matéria da série de reportagens “De Pai pra Filho” no Portal Leouve e No Radar.
Brindando à evolução com produtos de qualidade, equipamentos tecnológicos, aperfeiçoamento e muita dedicação, a vinícola ainda segue o sonho do patriarca e, quase 100 anos depois, ainda inova, mantendo-se firme em um mercado tão competitivo, mas que tem dado provas de crescimento a cada semestre. Afinal, quem aí nunca bebeu um bom vinho da Perini? A história já consagrou a marca com mais de 200 medalhas nacionais e internacionais, mas jamais os herdeiros esqueceram a história do porão da casa do Seu João Perini.
Para Benildo, relembrar a sua trajetória é muito emocionante, trazendo um misto de sentimentos ao ver a evolução da Casa Perini ao longos dos anos.
“O meu tio me incentivou muito a dar sequência aos trabalhos após o falecimento de meu pai, onde me desliguei da cooperativa que até então trabalhavamos e, em 1971, fiz a minha primeira safra independente. Iniciei como vinícola Jota Pe em homenagem ao meu pai, onde a produção inicial era para os vinhos de missa, dando sequência no que meu pai fazia”, destaca seu Benildo.
Ele lembrou que foi um período bastante difícil, que no primeiro lote de 110 garrafões de vinho havia conseguido vender apenas 30; “se não fosse o apoio da minha mãe, com certeza eu teria desistido ali”. O apoio da família fez toda a diferença na empreitada de Benildo, que mesmo em períodos de dificuldades, não parou o sonho de empreender.
“Tudo o que construímos foi feito por muitas mãos, e tenho certeza que se meu pai visse o que construímos, ele estaria muito feliz, pois segui seus passos e passei para meus filhos também, que hoje auxiliam no negócio” comenta Benildo.
O filho Franco diz que é uma imensa responsabilidade estar a frente dos negócios da família, já que a história foi passada de pai para filho no passado e segue nos dias de hoje.
“Falar de vinho é falar da cultura da nossa região e da família, onde eu vi o negócio do meu avô sendo recriado pelo meu pai. Hoje, poder fazer parte desse projeto, é uma grande responsabilidade. Quando somos pequenos, sempre almejamos seguir os passos de nossos pais e hoje me sinto realizado em poder trabalhar em família, pois sei o quanto tudo foi feito com amor e muita dedicação”, afirma Franco.
Para ele é muito importante dar sequência às atividades, porque além de levar o nome da família para as futuras gerações, a história irá continuar a ser trilhada por novas mãos, mas com uma boa bagagem.
“Assim como eu segui os passos do meu pai, espero que meu filho siga o mesmo caminho para que nossa história não se perca. Tenho muito orgulho de fazer parte de um empreendimento que foi construído com tanto trabalho pelo meu avô, meu pai e agora comigo e com meu irmão”, destaca Franco.
Pablo Perini lembra que sempre foi muito importante manter as raízes da família, acompanhando as inovações do mercado.
“É muito bom trabalhar em família por podermos trocar experiências que venham agregar ao negócio. Meu pai é muito exigente, mas ao mesmo tempo sabe ouvir quando trazemos uma ideia nova para a empresa. É uma troca muito bacana de quem já tem uma vivência enorme com a gente que está iniciando e buscando sempre trazer novidades”, comenta Pablo.
A colheita, a fermentação, o envelhecimento em barricas e amor. Etapas que são seguidas à risca pela família Perini, zelando pela história e qualidade. As sensações que se despertam ao beber um bom vinho, fabricado por apaixonados, são desfrutadas em cada gole, em cada taça, em cada garrafa. Por isso, a marca centenária se aproxima repleta de expectativas, mas sempre com a lembrança daquele porão onde tudo começou a ser plantado. A tecnologia não é capaz de apagar a história.