A semana passada transcorreu normalmente.
Vimos a prisão de Geddel. A prisão e o choro, após negada sua soltura. Para ele, tudo aquilo é “muito estranho”. Para alguém que passou a maior parte da sua vida cometendo crimes e acumulou um patrimônio absolutamente injustificável frente a seus rendimentos legais, realmente estar frente a um juiz, respondendo a uma acusação criminal deve ser mesmo muito estranho. O normal para ele é a impunidade.
Vimos Aécio voltando ao senado e proferindo um discurso endereçado a sabe-se lá quem. Sim, porque no senado todos sabem de tudo a seu respeito. Aqui fora, todos sabemos de tudo. Gravações que mostraram como ele realmente é, são conclusivas. Lícitas ou não, as gravações mostraram a propina de dois milhões, o assassinato fácil do primo se necessário, como se nada fosse, além do palavreado chulo. Isso pra não falar no destino do dinheiro, que foi depositado na conta bancária do dono do Helicóptero que carregava a cocaína… Estão lembrando de tudo isso???
Mas, como se nada fosse, como se nada tivesse sido desvelado, lá estava ele, como um arauto da moral e dos bons costumes, voltando ao senado, com as acusações que pesavam sobre si engavetadas por seus pares. Seus pares, talvez seus cumplices, talvez seus iguais.
Vimos um presidente que, carregado de evidencias de corrupção, articula entre os seus chegados o arquivamento das acusações. Reuniões de meia em meia hora negociando seu futuro.
Poderia citar inúmeros outros fatos que descrevem a crise política que o Brasil está atravessando.
Crise política???
Não. Há muito tempo a crise não é política. A crise é de valores. De ética. De moral. De honestidade.
O que vemos em Brasília não é mais política. O que vemos é uma organização criminosa cometendo crimes ininterruptamente. Cometem crime o tempo todo. Desde o momento em que aparelham o estado com seus cumplices em todas as repartições, até o momento em que estão saindo de uma pizzaria com uma mala de dinheiro na mão. Desde o momento em que falta dinheiro para emitir um passaporte (ora, para que serve a taxa de emissão de passaportes??) até o momento em que o senador recebe dois milhões de propina para pagar advogados para sua defesa. Um crime para proteger seus outros crimes.
Brasília comete crime quando gere mal o dinheiro público. Quando gasta a maior parte do seu orçamento no pagamento de salários de funções criadas para administrar burocracias geradas pelo próprio estado.
A crise não é política. A crise é de valores. A crise é de modelo.
Precisamos de uma profunda reforma no modelo de estado. Uma profunda renovação na política. Uma troca completa no congresso e no senado.
Aliás, em se tratando de congresso e senado, a melhor reforma que se poderia fazer por lá seria transformar estas duas casas em presídio. Em dia de sessão mesmo. Tira de lá uma meia dúzia, muro e grades e tá feito.
Esse seria o melhor remédio para esta “crise política” que atravessamos.