Bento Gonçalves

Corpo da advogada Natália Cobalchini é encontrado no interior de Bento Gonçalves

Ela morreu junto com os pais, vítima de deslizamento, na localidade de Faria Lemos no início do mês

Especializada em Direito Tributário, Natália morreu junto com o pai, Neco, e com a mãe, Ivonete. Foto: Redes sociais
Especializada em Direito Tributário, Natália morreu junto com o pai, Neco, e com a mãe, Ivonete. Foto: Redes sociais

O corpo da advogada Natália Cobalchini, de 27 anos, foi localizado por equipes do Corpo de Bombeiros na tarde desta segunda-feira (20) na localidade de Faria Lemos, interior de Bento Gonçalves. Ela estava desaparecida desde o dia 1º de maio e foi vítima de um dos 104 deslizamentos que atingiram Bento Gonçalves. O corpo foi encontrado a muitos metros de distância de onde ficava a residência da família.

Na madrugada do desastre, a advogada estava na casa dos pais, Artêmio e Ivonete Cobalchini, que também não resistiram ao deslizamento que destruiu a casa da família. Os corpos dos pais e de um vizinho da Natália, Matheus Tanini, de 55 anos, que também morreu no deslizamento, já haviam sido encontrados, dois dias depois da tragédia.

 

Advogada tinha voltado dos Estados Unidos havia poucos dias

Natália Cobalchini era especializada na área tributária e, segundo a irmã mais velha, Marina Cobalchini, 43 anos, tinha muitos planos a serem executados nos próximos meses.

Marina, que mora na Bahia e que veio para o Rio Grande do Sul com esposo e filhos em busca da família, contou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que Natália havia retornado há poucos dias de Nova Iorque (EUA), em sua primeira viagem internacional. Os primeiros relatos que recebeu davam conta de que o pai estava no hospital e de que a irmã fora visto correndo, mas as informações não eram verdadeiras.

Um tio que andava pela região para ver deslizamentos menores que tinham acontecido em localidades próximas viu a família momentos antes da tragédia. Ele voltou para sua casa e estava acompanhado de Matheus Tansini, que era o vizinho da família. Tansini resolveu ficar em casa e foi levado pela lama, segundo o tio, em questão de segundos.

Artêmio, o Neco, de 72 anos, conhecido comerciante da região, e Ivonete, de 64 anos, foram encontrados dois dias depois. O corpo dela estava a mais de 200 metros da casa em que morava e o de Neco, a dois km de distância, levado pelo rio.

Marina contou ainda que a irmã mais nova era muito ligada à mãe e que no último contato que fez com Ivonete recebeu um áudio em que ela se dizia preocupada com a quantidade de chuva e uma foto do piso da casa bastante úmido.

O irmão de Natália, Jhonas Cobalchini, de 36 anos, sobreviveu. Ele mora na casa ao lado, que encheu de lama, mas não foi levada. Ele não estava na região na data do deslizamento e auxiliou nas buscas pela irmã. Foi Jhonas quem avisou a irmã sobre a tragédia. Mariana voltou para a Bahia no final de semana e ainda esperava por notícias da irmã.

 

Buscas envolveram dezenas de pessoas

Os primeiros dias de busca foram feitos pelos próprios moradores da localidade. Foram eles que encontraram os corpos de Artêmio e Ivonete. Depois, equipes de diversos estados brasileiros se juntaram aos moradores.

Atualmente, 63 bombeiros e cães farejadores seguem as operações nas localidades de Linha Alcântara e Passo Velho. A procura é por Lourdes Helena Lazarini, 71 anos, Nelsa Faccin Gallon, 86 anos, Isabel Velere Antonelo Gallon, de 69 anos, e Carine Milani, de 39 anos.

O boletim mais recente do 5º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul, atualizado no final da tarde de segunda-feira (20) dá conta de 2416 salvamentos na região desde o início das chuvas torrenciais, com 37 mortos e ainda sete desaparecidos. São 200 bombeiros de toda a região envolvidos nas buscas. 

 

Fotos: redes sociais

Boletim do Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul

Boletim do 5º Batalhão de Caxias do Sul nesta segunda-feira (20)