Empreendedorismo

Consórcio vence leilão de dois parques estaduais da Serra Gaúcha por R$ 150 milhões

O consórcio Novo Caracol venceu o leilão de concessão dos parques estaduais do Caracol, localizado em Canela, e do Tainhas, em Jaquirana

Consórcio vence leilão de dois parques estaduais da Serra Gaúcha por R$ 150 milhões

O consórcio Novo Caracol venceu o leilão de concessão dos parques estaduais do Caracol, localizado em Canela, e do Tainhas, na divisa entre Jaquirana, São Francisco de Paula e Cambará do Sul. Realizado na B3, em São Paulo, o certame contou com a participação de três consórcios, e o ganhador ofereceu R$ 150 milhões de outorga fixa para a concessão pelo período de 30 anos – ágio de 5.341% em relação ao valor inicial.

Estruturada com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a concessão tem previsão de investimento de R$ 47,6 milhões nos dois parques, sendo R$ 23,7 milhões obrigatoriamente nos seis primeiros anos de contrato. Além disso, estão previstas despesas operacionais de R$ 417,3 milhões ao longo de 30 anos.

Outros dois consórcios – Oceanic e Construcap – apresentaram lances na disputa. O Novo Caracol será responsável por qualificar a infraestrutura e os serviços oferecidos aos visitantes, incentivando o turismo sustentável e gerando renda e desenvolvimento regional em equilíbrio com a preservação ambiental.

O projeto prevê para o parque do Caracol novas opções de atividades de aventura, como arvorismo e bungee jump. O Parque Estadual do Tainhas tem características voltadas para a exploração do ecoturismo, com opções de atividades aquáticas e camping.

Modernizar e qualificar

A concessão se refere a melhorias ao uso das áreas, atrativos e instalações, para promover a qualificação, modernização, operação e manutenção dos parques. No caso do Tainhas, a área da concessão, caracterizada no zoneamento do Plano de Manejo como destinada à visitação pública, representa 1,5% da área total do parque. Dos 100 hectares do Caracol, 25 serão destinados ao uso público.

Os projetos foram elaborados pensando na viabilidade da concessão dessas áreas para o turismo ecológico, priorizando o respeito aos planos de manejo de cada unidade e a autonomia do Estado, que irá acompanhar e supervisionar todas as intervenções. As funções de pesquisa, educação e ensino, bem como a fiscalização ambiental, continuarão a cargo do Estado.

O BNDES

O diretor de Concessões e Privatizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Abrahão, ressaltou que o mercado de ativos ambientais brasileiro, neste caso de parques, é algo extremamente subaproveitado, já que o brasileiro médio não frequenta o ambiente natural. O BNDES ajudou a estruturar a concessão, como parte de sua estratégia de agregar projetos verdes ao programa de privatizações.

“A partir do momento em que as gerações vão ficando cada vez mais urbanizadas esse distanciamento entre natureza e o dia a dia das pessoas vai aumentando. Isso tem efeitos importantes na formação da sociedade, porque muito do nosso sentimento de preservação e de identidade vem dessa experiência e o Brasil tem um patrimônio ambiental incomparável”, analisou.

Segundo ele, quando o BNDES decidiu entrar na agenda de ativos ambientais, havia o objetivo de, por meio dos parques, plantar sementes para a mudança de mentalidade e criar a percepção da população do entorno de que o parque não é um problema. “Isso a curto prazo, pensando também em gerar economia local. A médio e longo prazo é a estimular a população a frequentar e entender a natureza, para formar um senso de identidade”.