
Prevenção e pacificação são as palavras-chave escolhidas pelo novo diretor-geral da Guarda Municipal (GM), Márcio Ramos Laguna, 40 anos, para definir a corporação e o trabalho que será desempenhado sob o seu comando. Há mais de uma década e meia integrando a GM, o servidor, natural de Camaquã, assumiu o cargo máximo no início da última semana, e tem expectativa de avançar na integração com a comunidade caxiense.
“A GM trouxe ferramentas para ser um serviço diferenciado, como comunicação não-violenta, mediação, processos circulares, restaurativos e, principalmente, de pacificação. A Guarda tem essa identidade”, destacou o novo comandante.
Laguna substitui Alex Oliveira Kulman, que era diretor-geral da corporação desde fevereiro de 2021 e deve continuar em outro setor.
Hoje com um efetivo de 146 servidores, a Guarda Municipal, conforme a legislação, atua na proteção os direitos humanos, do exercício da cidadania e das liberdades públicas, patrulhamento preventivo, uso progressivo da força e zelo pelos bens, equipamentos e prédios públicos. O novo comandante adiantou que outros 25 agentes estão em formação, neste momento.
As operações são divididas, internamente, entre o Centro de Ações Preventivas (CAP), a Fiscalização de Áreas Públicas (FAP), a Patrulha Ambiental, a Guarda Escolar e o Grupamento da Ronda Ostensiva Municipal (ROMU).
Repórter: Quem é o Márcio?
Laguna: “O Márcio como pessoa, ele é um pai, ele é um filho, ele é um cidadão que apesar de não ser natural de Caxias, a família da minha mãe é daqui. O Márcio é apaixonado pelo que ele faz, não me vejo fazendo outra coisa a não ser guarda municipal, eu respeito muito isso e não tem como ser diferente. Todos os irmãos que a gente tem aqui, os colegas, às vezes a gente passa mais tempo aqui do que com a própria família. Então eu procuro trabalhar muito bem isso, o ambiente, as questões de relação humana. Porque quando a gente trabalha a pacificação aqui dentro, fica mais fácil de desenvolver ela através das nossas ações, porque a gente tem uma grade curricular muito grande. O Márcio antes da guarda ele já vinha nesse sistema, aqui eu simplesmente me encontrei.”
Agora, assumindo este cargo, quais vão ser as suas principais áreas de atuação e também suas expectativas estando à frente da GM em Caxias do Sul?
“A principal área de atuação, não tem como ser diferente, nós vamos trabalhar firmes e fortes na questão da prevenção, nos trabalhos junto a comunidade, nas escolas. Toda essa rede do município, do estado, que trabalha nessa questão da vulnerabilidade, das pessoas em situação de conflito, nós vamos trabalhar forte nisso, sem deixar de lado é claro, as questões operacionais. Nós precisamos manter a guarda das nossas áreas de represa, do setor ambiental. Nós temos a questão da ROMU, que trabalha nas questões das operações. Nós temos o pessoal do monitoramento de alarme, que atende quase 500 prédios públicos, que não aparece muitas vezes, mas é um serviço importante para o desenvolvimento e até para as próprias pessoas que usam esses espaços. É tudo uma questão de engrenagem, mas a principal, é a prevenção. Vai ser a pacificação.”
Você prevê ações específicas da Guarda em bairros e em localidades do município que não sejam a região central de Caxias do Sul?
“Sim, na verdade essa integração com os bairros, ela sempre existiu de forma sistemática. Muitas vezes antes de tu fazer uma ação operacional, antes de tu montar uma operação em determinada região da cidade, tu tem que ter um diagnóstico. E para que a gente tinha esse diagnóstico, é só através da conversa e principalmente da escuta. Nós identificamos qual é a deficiência, qual é a prioridade deles naquele local. A gente tem um pessoal que trabalha essa parte do observatório, de levantar as informações para a gente poder desenvolver um serviço de ponta com mais qualidade.”
Assim como qualquer corporação, a GM enfrenta carências. É ressaltada em alguns momentos a questão do efetivo. O senhor planeja trabalhar no sentido de trazer novos servidores? Junto a isso queria saber se você planeja liderar outras reivindicações para a Guarda Municipal.
“A pauta do efetivo, ela é quase que de todos os setores da segurança pública, aqui na Guarda não é diferente. A gente sabe que para cumprir as ferramentas e missões que a gente tem, a gente precisa do material humano. É importante ressaltar que a administração no ano passado limpou a lista de espera dos guardas aprovados no último concurso, então daqui a algum tempo nós vamos ter novos agentes para complementar todo esse serviço, essa gama de atribuições que a guarda tem com a comunidade de Caxias. As pautas da guarda não modificam, [mas] elas podem aumentar. Eu estou na guarda há 16 anos e a primeira pauta que a gente teve quando eu cheguei aqui era questão de cumprir os estatutos de armamento e andar armado, [que foi] cumprida. A segunda pauta foi estabelecer o concurso público de nível elevado, foi cumprida. A terceira pauta, era a questão da regulamentação da [Lei] 13.022 (Estatuto Geral das Guardas Municipais), foi regulamentada. Então as pautas são sempre as mesmas e claro, com o passar do tempo elas vão aumentando. Como a gente dialoga com a comunidade e entre a gente aqui, a gente espera dialogar também com a administração para buscar soluções para as reivindicações da Guarda como um todo.”
Quais são as principais demandas dentro da GM que são denunciadas pela comunidade?
“A Perturbação do sossego. Essa é uma demanda diária. Existem situações mais complexas, mais graves. Mas são situações específicas. Às vezes é aquele som um pouquinho mais alto, aquela moto sem o devido controle do escapamento, são situações que dependem exclusivamente do bom senso das pessoas que vivem em comunidade. Esse tipo de ocorrência é corriqueira. […] No primeiro momento nós gostaríamos de agradecer a comunidade, muitos dos êxitos que a gente tem nas nossas tarefas é através deles, através do telefone 153, através de demandas que chegam por outros canais, aí a gente consegue dar o resultado daquilo que não está dando bem. Poderia citar uma série de situações como questões de contêineres que estão andando e outras questões que é primordial a informação. Nós não temos do que reclamar, a população de Caxias é participativa, é uma população que fica atenta, nos comunica muitas vezes de algumas situações que poderão ocorrer. Fica aqui o agradecimento e sempre que a população puder nos ajudar através de informações no 153, do 156 da prefeitura, ou outros canais que existem como redes sociais e WhatsApp, a gente fica imensamente agradecido. Sozinhos nós não conseguimos desempenhar o trabalho de excelência que a comunidade precisa, é preciso essa interação.”
Laguna ingressou na Guarda Municipal em 2007. É acadêmico do curso de Direito da UniFtec e possui formação de guarda municipal da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). É especialista em Práticas Restaurativas e facilitador em Círculos de Justiça Restaurativa. Na GM, foi Gerente Operacional (Subcomandante) de 2012 à 2017. Atuou também na Escola de Formação da GM, no Centro de Ações Preventivas e no Grupamento das Rondas Ostensivas Municipais.