Os primeiros depoimentos de testemunhas de defesa do prefeito Daniel Guerra no processo de impeachment transcorreram de forma tranquila na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Nesta terça-feira, dia 6, o chefe de gabinete, Julio Cesar Freitas da Rosa, e o secretário de governo, Luiz Caetano, prestaram esclarecimentos sobre dois dos sete pontos da denúncia contra o chefe do executivo.
Para o advogado do prefeito Daniel Guerra, Heron Fagundes, os dois primeiros depoimentos não abriram margem para maiores questionamentos. “São dois pontos do total de sete que entendemos como bem esclarecidos e favoráveis ao prefeito, até porque não se teve nenhum ponto que gerasse algum tipo de dúvida ou fosse ao encontro daquilo que a denúncia apresentou”, opinou.
Julio Cesar Freitas da Rosa foi o primeiro a ser ouvido. Acompanhado do advogado de defesa do prefeito Daniel Guerra, Heron Fagundes, Freitas falou sobre o tópico sete da denúncia, que acusa o prefeito de descumprimento de lei e ordem judicial relacionadas ao mandato do Sr. Vice-Prefeito, Ricardo Fabris de Abreu. O depoimento, que durou cerca de 50 minutos, tratou basicamente de dois itens: a ação elaborada pela Procuradoria-Geral do Município com o objetivo de extinguir o mandato do vice-prefeito e o ofício expedido próprio chefe de gabinete para que Ricardo Fabris de Abreu desocupasse a sala que ocupava como vice-prefeito.
No primeiro item, a testemunha de defesa do prefeito sustentou que a orientação para que o município promovesse a ação judicial declaratória requerendo a extinção do mandato do vice-prefeito partiu da própria PGM. Segundo Freitas, após anunciar a renúncia do cargo e voltar atrás da decisão, o vice-prefeito criou uma insegurança jurídica na administração municipal, uma vez que emitia uma série de documentos oficiais que, segundo Freitas, poderiam comprometer o governo. “Após a sua ‘desrenúncia’, o sr. Ricardo Fabris começou a emitir diversos despachos, ofícios e ordens de serviço. E fomos orientados pela PGM para pedir ao judiciário que nos orientasse se realmente o mandato do sr. Ricardo Fabris estava ativo ou não[…]. Dentro dessa lógica, se ingressou com a ação, e o posicionamento do poder judiciário é de que cabia a ‘desrenúncia’. Desta forma, nós tomamos alguns procedimentos internos para que, em que pese a manutenção do mandato do sr. Fabris como vice-prefeito, nós tivéssemos os cuidados com todos os atos administrativos dentro da administração municipal”, argumentou.
O outro ponto principal abordado com Freitas tratou do ofício que ordenava o vice-prefeito a deixar a sala que utilizava como gabinete. Segundo o chefe de gabinete da prefeitura, autor da ação, o pedido ocorreu em função do pedido de renúncia de Fabris e de uma readequação na organização dos espaços do centro administrativo. Em seu depoimento, Freitas disse que o ato partiu dele e não do prefeito Daniel Guerra, uma vez que o secretariado possui autonomia para tomar esse tipo de decisão. “Todos os secretários municipais e o chefe de gabinete têm autonomia sobre as questões administrativas dentro da sua área. E no gabinete essa responsabilidade está afeta à minha pessoa, e por uma readequação no espaço funcional interno eu expedi aquele ofício na referida data”, declarou.
O segundo a depor foi o secretário de governo, Luiz Caetano. Ele respondeu aos questionamentos sobre um dos itens mais frágeis da denúncia: o suposto impedimento do funcionamento regular da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. “Nem mesmo na denúncia havia qualquer tipo de prova ou indicativo de que houve a tentativa de se impedir ou dificultar o trabalho da Câmara de Vereadores, muito pelo contrário, todos os elementos que se tem estão com vistas a facilitar o trabalho”, argumentou Caetano.
Nesta quarta-feira, a Comissão Processante retoma as oitivas a partir das 14h30min, com o depoimento dos ex-secretários de saúde Darcy Ribeiro Pinto Filho e Fernando Vivian, além da atual titular da pasta, Deysi Piovesan. Eles devem tratar sobre o item três da denúncia, que acusa o prefeito do descumprimento de lei que impõe obrigatoriedade de aprovação, pelo Conselho Municipal de Saúde, das ações de gestão da saúde municipal, como a terceirização do Postão 24 horas.