Brasil

Ciclone extratropical causa ventos fortes na região Sul do Brasil

Os volumes de chuvas atingem Santa Catarina com 200 mm a 400 mm

(Foto: CIRA/CSU)
(Foto: CIRA/CSU)

Um ciclone extratropical está em formação entre os litorais de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo. O fenômeno traz chuva volumosa a excessiva e ainda fortes a intensas rajadas de vento que afetarão entre hoje e amanhã o Sul e o Sudeste do Brasil. O pior da chuva ocorre no Leste catarinense enquanto o vento forte atingirá uma área maior, como é comum em ciclones extratropicais.

Este sistema se forma muito mais ao Norte que a posição habitual dos ciclones no Atlântico Sul, uma vez que normalmente as ciclogêneses (formações de ciclones) ocorrem no litoral da Argentina e na foz do Rio da Prata, em qualquer mês do ano, mas, especialmente, nos meses de outono, inverno e primavera. Muito raramente se observa um ciclone tão ao Norte como este na costa brasileira.

Com isso, o vento mais forte que costuma ocorrer quando da atuação ciclones no Uruguai, Argentina e no Rio Grande do Sul, desta vez vai se dar em áreas mais ao Norte e menos acostumadas a enfrentar ventania forte a intensa por conta deste tipo de sistema, como os litorais dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro que terão fortes a intensas rajadas entre hoje e amanhã.

De acordo com a análise da MetSul Meteorologia, o campo de vento mais forte deste ciclone deve atingir uma faixa na costa da região de Florianópolis ao litoral do Rio de Janeiro, o que inclui as costas do Paraná e o litoral paulista. Mesmo assim, pontos no interior do continente também sentirão os efeitos do ciclone com vento.

É importante enfatizar que o ciclone vai permanecer sobre o mar não se deslocará para terra, embora em alguns momentos o centro da tempestade sobre o oceano fique muito rente à costa, o que potencializa a velocidade do vento no litoral e agrava o risco de forte agitação marítima e de ressaca.

As cidades na rota do vento forte a intenso

A lista de cidades que devem ser atingidas pelo campo mais intenso de vento hoje no estado de Santa Catarina inclui Laguna, Imbituba, Florianópolis, Palhoça, Biguaçu, Bombinhas, Balneário Camboriú, Itajaí, Penha, Balneário Barra do Sul, Barra Velha, São Francisco do Sul e Itapoá. O vento forte atinge ainda com rajadas por vezes intensas o Planalto Sul. Em Santa Catarina, em especial na região de Florianópolis e no Litoral Norte catarinense, as rajadas ficam entre 80 km/h e 100 km/h com registros potenciais isolados acima de 100 km/h a 120 km/h.

No Paraná, o campo de vento mais forte do ciclone alcança as localidades de Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, e Paranaguá. O vento sopra forte ainda em trechos da Serra do Mar no Leste paranaense. Pode ventar moderadamente a forte na Região Metropolitana de Curitiba. No litoral do Paraná, as rajadas ficam entre 80 km/h e 100 km/h, mas que podem passar dos 100 km/h em alguns pontos.

Já no estado de São Paulo, o vento pode soprar forte a intensamente nas áreas de Cananeia, Ilha Comprida, Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, Santos, Guarujá, São Vicente, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba. O vento deve soprar forte ainda em trechos da Serra do Mar e moderado a forte na Grande São Paulo. As rajadas no litoral paulista devem ficar entre 80 km/h e 100 km/h, mas localmente têm potencial de atingir 100 km/h a 120 km/h.

No Rio de Janeiro, o vento mais intenso está previsto para as áreas de Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba, cidade do Rio de Janeiro, Niterói, Maricá, Saquarema, Cabo Frio, e Arraial do Cabo. O vento no litoral fluminense pode atingir 70 km/h a 90 km/h, mas em alguns locais as rajadas podem se aproximar ou superar os 100 km/h. Há previsão de fortes ventos ainda nos pontos mais altos da Região Serrana do Rio com rajadas superiores a 100 km/h nas montanhas.

Vento deve trazer transtornos e risco de danos

As velocidades de vento nas rajadas projetadas pelos ventos sugerem um alto risco de que a ventania traga transtornos e mesmo danos em diferentes localidades nas áreas de maior risco de vento forte entre Florianópolis e o litoral do Rio de Janeiro. Há risco, por exemplo, de queda de árvores e de postes, cortes de energia elétrica e menor de colapso de algumas estruturas como placas e destelhamentos.

Volumes de chuva atingem SC com 200 mm a 400 mm

Volumes excepcionalmente altos de chuva estão sendo registrados no estado de Santa Catarina que se somam aos já registrados no final de semana e no começo desta semana, o que vai fazer com que algumas cidades registrem acumulados em apenas uma semana de 300 mm a 400 mm com marcas mesmo acima de 400 mm em alguns locais, o que traz um alto risco de inundações, alagamentos e deslizamentos de terra.

De acordo com os dados das estações de monitoramento pluviométrico da Epagri-Ciram, os volumes de chuva em 24 horas até o final da manhã desta quarta-feira foram de 177 mm em Nova Veneza, 163 mm em Schroeder, 156 mm em Joinville, 149 mm em Florianópolis, 141 mm em Gravatal, 138 mm em Tubarão, 136 mm em Sombrio, 135 mm em Ermo, 132 mm em Meleiro, 126 mm em Urussanga, 110 mm em Criciúma e Siderópolis, e 102 mm em Balneário Camboriú.

A mesma rede de estações registra nas últimas 96 horas, desde o começo desta semana, marcas de precipitação de 312 mm em Schroeder, 298 mm em Joinville, 237 mm em Nova Veneza, 229 mm em Garuva, 222 mm em Praia Grande, 218 mm em Tubarão, 212 mm em Florianópolis, 202 mm em Itapoá e 201 mm em Sombrio.

A chuva provoca alagamentos em muitas cidades do Leste catarinense, incluindo as maiores do estado como Joinville e Florianópolis. Por conta dos alagamentos, o trânsito em ruas, avenidas e rodovias está dificultado em diversos pontos.

O pior da chuva em Santa Catarina ocorre hoje com a formação do ciclone extratropical na costa. Muitos pontos do Leste catarinense registrarão apenas nesta quarta acumulados de 100 mm a 200 mm com marcas isoladamente superiores. O vento do mar para o continente, com muita umidade, ao encontrar o relevo da Serra do Mar acaba por gerar chuva orográfica com acumulados localmente extremos.

Amanhã, à medida que o ciclone se afasta, a tendência é de o tempo firmar em grande parte de Santa Catarina com o retorno do sol e o domínio de ar mais seco e frio de alta pressão. Apenas a faixa costeira ainda deve ter instabilidade com sol, nuvens e chuva passageira, com volumes muitíssimo menores que os de hoje, pela circulação de umidade do ciclone no oceano.

A MetSul Meteorologia alerta que a persistência da chuva, e com volumes muito altos a extremos, traz alto risco de deslizamentos em cidades do Sul, do Leste e da área Nordeste do território catarinense. Os rios devem ser atentamente observados pelo risco de forte elevação em algumas regiões, como o Vale do Itajaí, onde já choveu muito em algumas cidades, ante o risco de enchentes.

Fonte: Metsul Meteorologia