Motoristas do Rio Grande do Sul estão entre os milhares de caminhoneiros retidos após o bloqueio da passagem internacional Cristo Redentor, há duas semanas, nos Andes. Principal rodovia entre Chile e Argentina, o local, utilizado para o transporte de cargas entre os dois países, foi interditado por conta da forte queda de neve, chegando a cinco metros de acumulação.
A passagem, que liga Mendoza ao Chile pela Ruta Nacional 7, ainda não tem prazo de liberação, informaram as autoridades argentinas. A decisão foi tomada, segundo divulgado em nota oficial, considerando que os trabalhos de remoção da neve seguem no lado chileno.
Na Área de Controle Integrado, no distrito administrativo de Uspallata, há cerca de 250 caminhões retidos. Conforme militares argentinos, uma cozinha de campanha foi montada para a entrega de alimentos aos motoristas parados.
“Em Uspallata, algumas vezes por dia, nos trazem água e uma sopa muito boa. Mas só aqui. Há muitos outros caminhoneiros [retidos pela nevasca] que não tem onde comer”, declarou Júlio Cezar Machado Baptista, retido há 15 dias no distrito argentino, quando retornava do Chile.
Dormindo dentro do veículo, Baptista incentiva os colegas a não desafiarem a neve.
“Muitos caminhoneiros não entendem que é melhor esperar em um lugar seguro do que tentar cruzar a nevasca. Tem que esperar a natureza, tudo tem seu tempo”, afirmou o motorista, que é natural de Uruguaiana.
Vindo também do município da Fronteira Oeste, Gunar Bertotti está em Santiago, desde o dia 12 de agosto, quando entregou uma carga de veículos. Retido com quatro colegas da mesma empresa, ele alegou descaso das autoridades chilenas com os caminhoneiros.
“Final de semana estava liberado [para trafegar], mas liberaram só para os turistas passearem. Os caminhões não tem valor nenhum para eles. Tem mais de cinco mil caminhões parados, entre o Chile e a Argentina”, destacou.
Segundo a Metsul Meteorologia, dois rios atmosféricos e uma frente fria atingiram o Chile nos últimos dias, com acumulados de precipitação extremos e inundações, sendo que nos pontos altos, a umidade se converteu em neve. Ainda conforme a empresa, o mau tempo já causou ao menos três mortes e deixou mais de 34 mil pessoas isoladas.
*Com informações de Correio do Povo