O plenário da Câmara de Caxias do Sul votou, por unanimidade, a favor do arquivamento do pedido de cassação contra o prefeito Adiló Didomenico (PSDB), na manhã desta quinta-feira (25). Foram 20 votos computados, com ausência dos vereadores Rose Frigeri (PT) e Velocino Uez (PTB). O presidente da Casa, Zé Dambrós (PSB), também não votou.
O documento externo, solicitando a cassação do chefe do Executivo caxiense, foi protocolado por Jeferson Mateus Cavalheiro Moraes e Rosângela de Paula e Silva na última terça-feira (23). Eles acusam o prefeito Adiló Didomenico de crime de responsabilidade pelo caso de um paciente que teve atendimento negado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A situação aconteceu na última segunda-feira (21). A solicitação de impeachment, agora arquivada no âmbito do Legislativo, baseava-se no decreto-lei (DL) 201/1967.
Na sessão de hoje, a negativa a admissibilidade da abertura de processo de impeachment foi recomendada por parecer da assessoria jurídica da presidência da Casa (leia aqui).
O relatório sustenta que a denúncia “não apresenta documentos ou sustenta de que forma o denunciado teria participado do ato qualificado como negligente, nem indica qual teria sido a infração político-administrativa que justificaria a cassação do seu mandato”.
Ainda conforme o parecer do Legislativo, o pedido de afastamento não preenche os requisitos mínimos para admissibilidade pois não ilustra “fato aparentemente punível, uma vez que desprovido de uma articulação minimamente coerente entre os fatos alegadamente ilícitos e sua relação com uma ação ou omissão da autoridade acusada (Prefeito Municipal)”.
Em manifestação, o vereador Lucas Caregnato (PT), que tem um processo de cassação movido contra si, voltou a defender que há uma banalização do instrumento jurídico.
“Nós alertamos para a banalização deste arcabouço jurídico que é a admissibilidade de processos de cassação. […] Eu defendo que governo que tem problema, que é ineficiente, seja derrotado nas urnas”, afirmou.
Já Rafael Bueno (PDT) salientou que os pedidos de afastamento fazem parte da democracia, mas que devem apresentar consistência em seus argumentos.
“O que não podemos é abrir precedentes que qualquer um, com folha de rascunho, venha aqui e coloque umas baboseiras sem fundamentos e a gente tenha que acatar”, disse o pedetista.
Líder da bancada petista na Câmara, Estela Balardin argumentou que, apesar do voto contrário ao pedido, é necessário cobrar a Prefeitura de Caxias e o InSaúde sobre o ocorrido na UPA Central.
“Acredito que a gente tem que fazer coletivamente uma avaliação se esse governo está de fato conseguindo cumprir com as suas tarefas enquanto gestor da cidade. O InSaúde, até agora, não conseguiu dar uma resposta clara à Caxias do Sul de quais foram os verdadeiros acontecimentos daquele dia”, salientou a parlamentar, por chamada de vídeo.
O prefeito Adiló Didomenico e a Procuradoria-Geral do Município tiveram tempo de 15 minutos para defesa. No entanto, não estiveram presentes no plenário da Câmara.