Polícia

Cadáver de ex-radialista e advogado gaúcho é encontrado em geladeira de apartamento em Sergipe

Supostamente encontrado morto em 2016, Portella ainda não teve determinada a causa de seu óbito.

geladeira

Autoridades de Sergipe confirmaram que o cadáver encontrado no dia 20 de setembro em um apartamento na capital Aracaju é do ex-jornalista e advogado aposentado gaúcho Celso Adão Portella. Em avançado estágio de decomposição, os restos mortais do idoso foram descobertos dentro de mala na geladeira por oficial de Justiça que cumpria ação de despejo no imóvel. O caso permanece sob investigação.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado nordestino, uma mulher de 37 anos e que se apresenta como viúva da vítima relatou ter encontrado o marido morto no local em 2016 (quando ele tinha 74 anos) e decidido manter o corpo no equipamento de refrigeração de casa. Ela alega ter tomado tal atitude por “medo do que os outros poderiam pensar sobre a morte do companheiro”.

Para a identificação positiva foram decisivos elementos como a presença de um prótese óssea nos restos mortais. Os peritos também recorreram a prontuários médicos de Portella, enquanto a Polícia Civil cruzava informações de documentos do gaúcho encontrados na residência e ouvia parentes do idoso.

As acusações contra a mulher abrangem, até agora, ocultação de cadáver e maus-tratos a incapaz, já que o mesmo apartamento era habitado pela filha, de 4 anos, que seria fruto de um relacionamento posterior. A criança não tem registro de paternidade na certidão de nascimento).

Um eventual indiciamento por homicídio doloso ou culposo depende da determinação da causa do óbito, trabalho que ainda está em andamento. Não está descartada, ainda, a possibilidade de fraude, pois a pensão de aposentadoria de Portella pelo INSS continuou sendo sacada normalmente até 2019 – três anos depois do ano em que a morte teria ocorrido, segundo a mulher, que afirma ser técnica de enfermagem.

A investigada permanece sob internação hospitalar compulsória para tratamento psiquiátrico por ao menos 45 dias, prazo ao fim do qual deve ser elaborado um novo laudo para encaminhamento à Justiça. No dia da descoberta do cadáver, o apartamento estava em situação de desordem extrema e a mulher tinha várias lesões autoprovocadas.

Perda de contato

Natural de Ijuí (Norte gaúcho), Celso Adão Portella tinha quatro filhos e 11 irmãos. Ele viveu durante muitos anos em Porto Alegre, até deixar o Estado em 2001.

Durante as décadas de 1970 e 1980, trabalhou em emissoras porto-alegrenses como Guaíba, Gaúcha e Farroupilha. Era formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em 1975 e também manteve escritório de advocacia na capital gaúcha.

Foi, ainda, professor em faculdades do Interior gaúcho e de Santa Catarina, onde obteve mestrado na área. Já no segmento de imprensa, atuou como colunista em jornais de Ijuí e outras cidades. Também publicou o livro “Brasil sem Força” (1988).

Depois trocou o Rio Grande do Sul pelo Espírito Santo, antes de se fixar em Sergipe, como professor e coordenador de uma faculdade de Direito entre 2005 e 2008. O relato de pessoas próximas no é de que ele progressivamente deixou de fazer contato com os parentes, culimando na perda do vínculo.

Fonte: O Sol