No início da madrugada desta sexta-feira (08), o bloqueio da ERS-330, em Redentora, no noroeste do estado, foi encerrado após três dias. A situação iniciou ainda na terça-feira e durante horas, diariamente travava de forma completa o fluxo na estrada estadual. Após negociações junto as autoridades federais, o grupo indígena que lá permanecia em protesto, saiu da rodovia.
A equipe do Portal Leouve entrou em contato com o Pelotão Rodoviário da Brigada Militar de Santo Augusto para saber sobre a situação da rodovia. Conforme um agente, o local foi liberado por volta da meia noite desta sexta-feira (08).
O bloqueio da rodovia gerou problemas para muitos caminhoneiros que utilizavam da estrada como rota para produtos. Veículos frigoríficos ficavam horas parados e precisavam manter-se funcionando para que os alimentos não estragassem no interior do baú. Alguns motoristas foram pegos de surpresa e acabaram ficando até 12 horas com as cargas paradas.
Para conseguir a liberação da ERS-330, a Polícia Federal precisou negociar com o grupo. O líder dos manifestantes, Cacique Carlinhos Alfaiate, pede a liberação das pessoas ligadas a ele que supostamente estão reféns. As autoridades ainda investigam a situação.
As informações dão conta de que para liberação, os manifestantes pediram que os motoristas fizessem vídeos afirmando que não nenhum episódio de violência aconteceu durante os protestos e bloqueios.
Razões para o bloqueio
Conforme as informações do repórter Vinícius Araújo da Rádio Alto Uruguai, o bloqueio aconteceu em virtude de desdobramentos de briga política entre grupos indígenas da região de Redentora. Os manifestantes que estiveram na ERS pediam a liberação de algumas pessoas que, supostamente, estão reféns.
Ainda de acordo com o jornalista, na região está a Reserva Indígena Guarita e, no início do ano, um novo cacique deveria assumir o comando comando do local. No pleito, disputaram o posto o Cacique Carlinhos Alfaiate, em busca de reeleição e o Cacique Valdones Joaquim (que posteriormente foi preso e quem assumiu seu posto foi o vice, Joel Ribeiro de Freitas). A chapa de Joaquim e Freitas foi a vencedora, porém, um grupo liderado por Alfaiate não reconheceu a eleição, apesar da participação de 60% do eleitorado. Desta forma, ele negou-se a sair do poder e permanece no posto desde então.
Desde então, os grupos divergentes têm protestado e existe um clima de tensão e escalada de violência nos milhares de hectares da maior reserva indígena do Rio Grande do Sul. Inclusive, em março deste ano, uma mulher residente da Guarita sofreu lacerações de facão. Inicialmente, apontou-se que os responsáveis eram homens ligados à Carlinhos Alfaiate. Em sua defesa, este afirmou que a vítima envolveu-se em um conflito familiar.
Contudo, a crescente no nível de violência dentro da reserva apresenta efeitos nos arredores. Um exemplo foi a manifestação durante três dias na ERS-330.
Reportagem tentou contato com a Polícia Federal
A equipe de reportagem tentou contato com a Polícia Federal para mais informações sobre as investigações do suposto sequestro e da situação da Reserva Indígena. Todavia, até o fechamento desta reportagem, não houve resposta.