Silhuetas de pessoas com antenas e fios conectados, sobre multidão, conceito de controle e manipulação.
Imagem: Google Gemini

Há algo estranho acontecendo no mundo. Líderes de diferentes países, culturas e crenças adotam discursos surpreendentemente semelhantes. Nacionalismo inflamado, moralismo seletivo, deslegitimação das instituições democráticas, teorias conspiratórias de manipulação global e o uso intenso das redes sociais para desinformar. Não há cúpula registrada, nenhum acordo formal — mas há coerência e sincronismo. Como se todos seguissem um mesmo roteiro, escrito por mãos que não se mostram.

E se esses líderes forem apenas receptores de algo que não se vê? E se ideias, discursos e decisões estiverem sendo guiados por um campo de influência extrafisico, que atua silenciosamente sobre mentes predispostas — aquilo que Jung chamou de “inconsciente coletivo”? Como uma estação de rádio oculta, esse campo parece ser captado por personalidades fragilizadas por circunstâncias peculiares.

Essa “pedagogia do abismo” não utiliza quadros-negros nem lousas digitais. Opera por afinidade. A vaidade, o medo, o ressentimento e a sede de mandar são portas abertas para essas forças moldarem comportamentos. E quando essas disposições se somam ao poder, as ideias ganham escala, ecoam em diferentes países como se brotassem do mesmo solo — embora ninguém saiba de onde veio a semente.

Não se trata de moralismo raso, mas da percepção de uma camada menos visível da realidade: a de que ideias têm peso, frequência e impacto. E de que determinadas conjunturas históricas podem ser menos espontâneas do que parecem. Ainda assim, há uma hipótese alternativa. E se tudo isso — esse descontrole calculado, essa avalanche de retrocessos, essa escalada de intolerância — não for apenas um projeto de dominação, mas um método de revelação? Para permitir que o erro se manifeste por inteiro, para que a consciência coletiva desperte com mais força. O colapso ético, o desespero social, a degradação institucional — talvez tudo isso nos conduza, dolorosamente, a um novo ponto de virada. Uma travessia que não passa pelo confronto direto, mas pela exaustão de uma era.

A grande batalha, então, não se trava apenas no campo das ideias ou da política. É uma batalha de frequência. De percepção. De lucidez.

E a pergunta que resta, silenciosa e definitiva, é: estamos sendo “antenas” do quê?