A suspeita de envenenar a família do marido, em Torres, no Litoral Norte do Estado, em dezembro do ano passado, Deise Moura dos Anjos, foi presa preventivamente em 5 de janeiro. A investigação do caso apurou indícios de que ela poderia ter envenenado também o sogro, Paulo Luiz dos Anjos, três meses antes.
O laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) identificou a presença de arsênio no bolo. Além disso, no corpo de Paulo, que foi exumado. Inicialmente, a morte dele foi atribuída a uma suposta infecção intestinal ou intoxicação alimentar. O veneno também foi encontrado nos corpos das três familiares mortas devido a ingestão do doce.
Imagens de comprovantes de entrega e rastreio de encomenda, obtidas pela rede CNN, demonstram o caminho do arsênio até a casa da suspeita. De acordo com os documentos, Deise comprou o produto em 16 de agosto pela internet e recebeu cinco dias depois, na residência, em Nova Santa Rita. Paulo morreu 13 dias após o recebimento. Segundo o inquérito, ela teria misturado arsênio em leite em pó que causou a morte dele.
Manipulação
A investigação policial revela indícios de que Deise tentou manipular familiares para encobrir a verdadeira causa da morte do sogro. Ela pressionou a sogra, Zeli dos Anjos – principal alvo do envenenamento pelo bolo – a não investigar o óbito do marido. Além disso, tentou cremar o corpo, possivelmente para ocultar as evidências do crime. A cremação não chegou a ocorrer devido à falta da assinatura de um médico.
Em outra ação, Deise sugeriu que a intoxicação poderia ter sido causada por uma banana contaminada pela enchente. Em mensagens recuperadas do celular dela, ela escreveu à sogra: “acho que não devemos procurar culpados para o que não tem”.
A Polícia Civil investiga outras mortes e casos de intoxicação no círculo de convivência de Deise. O corpo do pai da suspeita também pode ser exumado para análise. Os inquéritos sobre o bolo envenenado e a morte do sogro dela devem ser entregues nesta quinta-feira (20) ao Ministério Público (MP), que deverá analisar e encaminhar denúncia ao Poder Judiciário.
Deise foi encontrada morta na Penitenciária de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre, na última quinta-feira (13). A principal hipótese da investigação é de que a suspeita teria cometido suicídio. Ela tinha 42 anos e trabalhava na área de contabilidade.