O 17 de maio marca o Dia Mundial contra a LGBTfobia. Com ações em diversas esferas, o futebol também se envolve no combate a este crime que vitimou ao menos 273 pessoas no ano de 2022 no Brasil. Dados divulgados nesta quarta-feira (17) pelo Anuário do Observatório do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ revelaram que 74 casos de homofobia dentro e fora dos campos brasileiros foram registrado no último ano.
Os casos registrados no ano passado representam um crescimento de 76% em comparação com 2021, quando o Anuário identificou 42 casos. Em 2020, ano do início da pandemia de Covid-19 e em que os estádio não contaram com a presença de torcedores, foram 20 relatos deste crime. Conforme o fundados do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, Onã Rudá, os casos se repetem semanalmente, e alguns clubes já estão realizando atividades com os torcedores.
“Mas ainda é insuficiente. A LGBTfobia é um mal social que se alastra em todos os ambientes, em especial no futebol. Essa intolerância motivada por ódio e discriminação é profundamente violenta e deixa marcas profundas. Temos uma pesquisa de 2018 que indica que 62,5% dos LGBTQ+ brasileiros já pensaram em suicídio”, disse.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também está realizando trabalhos contra a LGBTfobia no futebol nacional, sendo uma das prioridades da atual gestão de Edinaldo Rodrigues. Inclusive, a entidade foi a primeira a adotar no Regulamento Geral de Competições a possibilidade de punir esportivamente um clube em caso de discriminação.
“O trabalho mostra uma triste realidade, que estamos lutando para acabar no futebol. A CBF vai sempre combater os preconceitos e trabalhar para que o futebol seja um lugar de inclusão”, afirmou o mandatário.
Os episódios de 2022 vão desde xingamentos ocorridos dentro de campo e cânticos nos estádios até comentários ofensivos. Alguns foram parar nos tribunais. Um deles ocorreu em 22 de maio, durante jogo entre Independente e Santos, pela quarta rodada do Campeonato Amapaense, no Estádio Zerão, em Macapá. O Independente acabou condenado a uma multa de 3 mil reais, dois jogos privados da presença de sua torcida, sendo uma perda de um mando de campo e outra torcida única para o mandante. Além disso, o tribunal local suspendeu os árbitros e assistentes por 30 dias, por não ter relatado o incidente na súmula.
Dessa forma, o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, ao lado da CBF, está estreitando as relações com os clubes, além de dialogar com órgãos e entidades do futebol e de atuação sobre o esporte, como CBF, STJD e Ministério Público.