Foto: Divulgação/Fiergs
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“A retirada das sobretaxas para alguns produtos agrícolas e de consumo demonstra que o diálogo funciona. Sempre defendemos que a única saída para superar esse impasse comercial era colocar os presidentes à mesa, conversando diretamente. Esse movimento confirma que as negociações estão no caminho certo”, afirma o presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier. O comunicado da Casa Branca ressalta a conversa entre Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, em 6 de outubro, como ponto de partida para as negociações entre os dois países, que seguem em andamento. 

No entanto, complementa Bier, ainda é preciso avançar para retirar os produtos industrializados, especialmente do Rio Grande do Sul, da lista de itens sobretaxados desde agosto. 

“Mas é fundamental deixar claro: para a indústria gaúcha essa decisão ainda não traz resultados concretos. Os produtos industrializados que exportamos para os Estados Unidos, como calçados, móveis, madeira, tabaco e pescado, seguem submetidos a tarifas de 50%. São setores altamente representativos da nossa economia e que continuam profundamente impactados.”, ressalta. “É urgente avançar para que esses setores industriais também sejam contemplados. Precisamos garantir condições competitivas iguais às dos demais países que vendem para os Estados Unidos. O RS não pode continuar sendo penalizado em áreas onde é reconhecidamente competitivo e inovador.”

No caso do Rio Grande do Sul, o impacto da medida do governo americano é restrito a um único produto de maior relevância na pauta estadual: a carne bovina. Em 2024, o estado exportou US$ 61 milhões do produto para os Estados Unidos, o que posiciona o mercado americano como segundo principal destino, representando cerca de 16% das vendas externas do abate de bovinos. A China permaneceu como principal destino, com US$ 71 milhões em embarques. As exportações do ramo gaúcho para os Estados Unidos corresponderam a 3,3% do total enviado pela Indústria de Transformação ao mercado americano, e o estado respondeu por 3,7% das exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos, ocupando o sétimo lugar entre os principais estados exportadores.

Segundo estudo do Sistema FIERGS, as tarifas de 50% afetam a maior parte das exportações industriais gaúchas para o mercado americano. Os setores mais prejudicados incluem produtos de metal, máquinas e materiais elétricos, madeira, couro e calçados e tabaco.