GUERRA TARIFÁRIA

China convida empresas brasileiras para feira de importação

A edição de 2025 terá um apelo diferente diante do cenário de guerra comercial declarada pelo governo Donald Trump contra o resto do mundo

Feira pretende aproximar ainda mais as relações comerciais entre o país e a China. (Foto: Divulgação)
Feira pretende aproximar ainda mais as relações comerciais entre o país e a China. (Foto: Divulgação)

A embaixada chinesa no Brasil está convidando as empresas brasileiras a participar da China International Import Expo (CIIE), em novembro, em Xangai. Primeira feira internacional do mundo dedicada exclusivamente à importação, a CIIE – que contabilizou US$ 80 bilhões em transações intencionadas no ano passado.

A edição de 2025 terá um apelo diferente diante do cenário de guerra comercial declarada pelo governo Donald Trump contra o resto do mundo. O Brasil participa desde a primeira edição, e a leitura dos especialistas é que a recente elevação das tarifas de importação pelos Estados Unidos, para 50% sobre os produtos brasileiros, tende a aproximar ainda mais as relações comerciais entre o país e a China, nossa maior parceira comercial desde 2009.

Em maio, a China anunciou uma política experimental de isenção de visto para portadores de passaporte comum do Brasil e de outros quatro países, válida de 1º de junho até 31 de maio de 2026. A medida, segundo o governo chinês, visa simplificar o processo de viagem para empreendedores e investidores brasileiros ao país e incentivar mais empresas brasileiras a participarem de eventos econômicos e comerciais.

A feira de importações chinesas, que foca em grandes marcas internacionais que queiram levar seus produtos ao gigante asiático, pretende apresentar a visão da China como compradora.

Além de alimentos e produtos agrícolas, a CIIE é aberta a uma vasta gama de setores produtivos, como o automobilístico, o de tecnologia da informação e o de equipamentos médicos e cuidados com a saúde. As inscrições para a CIIE, que acontece de 5 a 10 de novembro, em Xangai, se encerram em 31 de outubro.

Nesse momento, a feira é uma janela para mostrar que pode haver oportunidades a serem mais exploradas. Isso não é uma solução para a questão do aumento das tarifas dos Estados Unidos, muito longe disso, mas é uma sinalização interessante de dizer, olha, a gente precisa estimular esse comércio de produtos de maior valor agregado com outra gama de parceiros, inclusive a China. O nosso desafio na relação comercial com a China é justamente conseguir agregar valor aos produtos da nossa pauta de exportação. A pauta de exportação que o Brasil tem com os Estados Unidos tem produtos de maior valor agregado, apesar de transações em montante muito menor – explica Larissa Wachholz, sócia da Vallya Participações e coordenadora do Programa Ásia e do Grupo de Análise da China do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

A especialista explica que a CIEE foi criada como uma resposta da China às críticas internacionais de que o país simplesmente queria ser um país exportador e colocar os produtos dela ao redor do mundo. Em um contexto de promoção do consumo interno da China, diz Larissa, o país mostra através dessa feira que também está disposto a estimular as importações para atender à demanda crescente dos chineses, que têm um perfil muito variado de consumo.

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