Às vezes, a natureza cria obras tão surreais que parecem saídas de outro planeta — e foi exatamente essa sensação que Anitta despertou ao publicar suas fotos na ilha de Socotra, no Iêmen. Sob a sombra de uma árvore gigantesca de tronco retorcido e copa em formato de guarda-chuva, a cantora apareceu diante de um dos tesouros mais raros do mundo: a árvore sangue-de-dragão, uma espécie milenar que fascina biólogos e viajantes por sua aparência e história quase mítica.
O encanto real das fotos de Anitta em Socotra
Nas imagens que viralizaram no Instagram, Anitta surge pequena diante da grandiosidade da árvore. Na primeira, o fundo claro destaca o formato geométrico perfeito da copa, parecendo um disco natural suspenso no ar. O tronco grosso, de textura rústica e marcada pelo tempo, sustenta uma rede de galhos entrelaçados que lembram veias. Já na segunda foto, ela aparece tocando o tronco de outra árvore, cercada por um terreno pedregoso e iluminado pelo sol intenso do Oriente Médio. Ao redor, despontam pequenas plantas suculentas e troncos que lembram esculturas vivas — um verdadeiro cenário extraterrestre.
Essas imagens capturam não apenas a beleza da árvore sangue-de-dragão, mas também o contraste entre a dureza da paisagem e a força vital que ela representa. É como se o deserto, ao invés de ser vazio, fosse habitado por monumentos naturais que contam histórias de resistência e magia.
A origem milenar da árvore sangue-de-dragão
A Dracaena cinnabari, nome científico da árvore sangue-de-dragão, é nativa da ilha de Socotra — uma das regiões mais isoladas e misteriosas do planeta. Situada no Oceano Índico, entre a África e a Península Arábica, essa ilha abriga centenas de espécies únicas. Por isso, é frequentemente chamada de “as Galápagos do Oriente”.
A árvore é conhecida pela seiva vermelha que escorre quando o tronco é cortado, dando origem ao nome “sangue-de-dragão”. Desde a Antiguidade, essa resina é usada como pigmento, incenso e até remédio natural. Egípcios, gregos e romanos acreditavam que ela possuía poderes curativos e espirituais, capaz de afastar o mal e trazer proteção.
Hoje, cientistas comprovam que a seiva contém substâncias com propriedades antioxidantes e cicatrizantes, o que reforça a fama medicinal que atravessou séculos.
Um símbolo de sobrevivência no deserto
Além de sua beleza exótica, a árvore sangue-de-dragão impressiona pela capacidade de adaptação. Em um ambiente extremamente árido, com solo rochoso e pouca chuva, ela sobrevive há séculos. Sua copa em forma de guarda-chuva não é apenas estética: ela serve para captar a umidade da névoa e reduzir a evaporação, criando uma pequena zona de sombra e frescor sob suas folhas.
Esse formato também protege o solo e outras plantas menores que crescem próximas, ajudando a manter o equilíbrio do ecossistema local. Cada árvore pode viver mais de 600 anos, o que faz dela uma testemunha silenciosa das mudanças climáticas e das transformações do planeta.
Infelizmente, o avanço da desertificação e o aumento do turismo sem controle têm colocado a espécie em risco. Segundo entidades ambientais, a árvore sangue-de-dragão está classificada como “vulnerável” — e pode desaparecer em algumas décadas se não houver ações de preservação.
O valor espiritual e simbólico dessa espécie única
Em Socotra, as populações locais veem a árvore sangue-de-dragão como uma guardiã. A seiva vermelha é considerada sagrada e associada à energia vital, usada em rituais de proteção e cura. Diz a lenda que seu tom intenso seria o sangue de dragões míticos que lutaram até a morte — um mito que deu nome à espécie e reforçou seu status místico.
Além disso, a árvore é um símbolo de prosperidade. Durante gerações, seus galhos serviram de abrigo para pássaros e pequenos animais, enquanto o solo sob sua sombra era considerado fértil e protegido. Esse equilíbrio entre força e delicadeza faz da espécie um verdadeiro patrimônio natural e cultural.
A redescoberta moderna impulsionada por uma imagem
Quando Anitta compartilhou suas fotos em Socotra, o impacto foi imediato. Milhares de pessoas passaram a pesquisar sobre a árvore e a ilha, muitas pela primeira vez. A imagem da cantora, pequena diante da imensidão da árvore, trouxe uma nova perspectiva: a de que, mesmo na era digital, ainda existem lugares que parecem intocados pelo tempo.
Mais do que um clique bonito, as fotos despertaram um interesse genuíno pela preservação da natureza. Mostraram que há um mundo além do turismo convencional — um mundo em que o silêncio, o vento e uma árvore de copa colossal podem contar mais sobre a vida do que qualquer monumento feito por mãos humanas.
Por que essa árvore continua encantando o mundo
O fascínio pela árvore sangue-de-dragão vai além da curiosidade estética. Ela representa a resistência diante do impossível. Cresce onde a vida parece não caber, guarda em sua seiva o vermelho que simboliza energia e cura, e inspira quem busca beleza no improvável.
Na ilha de Socotra, cada árvore é uma escultura viva, moldada pelo vento e pelo tempo. E agora, pelas lentes de Anitta, essa beleza ganhou um novo público — um lembrete poderoso de que a natureza é, por si só, uma obra de arte que precisamos preservar.