Ela chama a atenção em qualquer jardim ou varanda pela exuberância das cores: roxo intenso, verde metálico, tons prateados e até pinceladas rosadas. Mas quem cultiva a tradescância — também conhecida como lambari, trapoeraba-roxa ou judas — já deve ter notado que, de uma hora para outra, ela começa a perder aquele colorido vibrante. E, muitas vezes, o culpado é um detalhe que parece inofensivo: a poda.
A verdade é que a tradescância responde com força à maneira como você corta seus galhos. Um simples erro na tesoura pode travar o crescimento ou, pior, desencadear a perda de pigmentação nas folhas. Entender esse processo é essencial para manter essa planta sempre viva, colorida e cheia de textura.
Tradescância perde coloração se for podada do jeito errado
Diferente de outras plantas que se beneficiam de podas severas, a tradescância tem um comportamento particular: seus galhos armazenam nutrientes e energia, e a planta depende da renovação gradual — e não radical — para estimular a pigmentação das folhas.
Quando você poda de forma brusca, cortando todos os ramos de uma vez ou retirando muitas pontas saudáveis ao mesmo tempo, a planta entra em modo de alerta. Ela concentra suas energias em se recuperar, mas deixa de produzir as antocianinas responsáveis pelos tons roxos e azulados característicos.
Além disso, o excesso de cortes prejudica o equilíbrio entre luz e sombra nos ramos. E sem a quantidade ideal de luminosidade, a tradescância responde com folhas esverdeadas, opacas ou desbotadas.
O segredo: podas em fases, com estratégia
O truque é simples, mas exige disciplina: nunca pode mais de 30% da planta de uma vez. Escolha os galhos mais alongados e que já estejam com sinais de envelhecimento — como folhas murchas, caídas ou muito espaçadas — e corte pouco acima de um nó (a junção entre folha e caule).
Espere a planta reagir e emitir brotos novos. Só depois de ver os primeiros sinais de renovação é que você deve repetir o processo nos outros ramos. Essa estratégia garante que a planta continue fotossintetizando de maneira eficaz e mantenha sua vitalidade e cor intensa.
Quando podar: o momento certo faz toda a diferença
A melhor época para podar tradescâncias é durante a primavera e o verão, quando a planta está em crescimento ativo. Isso permite uma recuperação mais rápida e eficiente. Evite fazer cortes durante o outono ou o inverno, quando a produção de pigmentos já está naturalmente reduzida.
Se estiver cultivando em regiões muito quentes, prefira podas no início da manhã ou no final da tarde, evitando os horários de sol mais forte — que podem queimar as pontas cortadas.
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Ferramentas limpas e cortes precisos
Use sempre uma tesoura de poda bem afiada e limpa. Cortes mal feitos ou com ferramentas sujas favorecem o aparecimento de fungos e dificultam a cicatrização dos galhos. Isso também interfere na coloração, já que uma planta doente ou estressada perde a capacidade de exibir tons vivos.
Dica de ouro: higienize a lâmina com álcool 70% antes e depois de cada uso, principalmente se for podar várias plantas no mesmo dia.
Como estimular o roxo intenso das folhas
Se a sua tradescância já perdeu o tom arroxeado e está com folhas verdes ou amareladas, o caminho da recuperação exige paciência. Além de corrigir a poda, é essencial oferecer o ambiente certo para a pigmentação voltar.
Luz é o primeiro fator. Essa planta precisa de bastante claridade, preferencialmente luz indireta intensa ou algumas horas de sol direto pela manhã. Em locais escuros, as folhas tendem a ficar pálidas e sem graça.
O segundo fator é a adubação. Use adubos ricos em fósforo e potássio, que ajudam na pigmentação e no fortalecimento das folhas. Evite fórmulas com muito nitrogênio, que estimulam o crescimento excessivo e podem enfraquecer a cor.
Por fim, cuide do substrato: ele deve ser leve, com boa drenagem e ligeiramente ácido. Uma mistura com terra vegetal, areia e húmus costuma funcionar bem.
Regas equilibradas evitam o estresse das raízes
Tradescância não gosta de solo encharcado. O excesso de água causa estresse nas raízes e interfere diretamente na produção de pigmentos. O ideal é regar sempre que o substrato estiver seco ao toque, mantendo uma rotina que respeite a estação do ano e o clima da sua região.
Se estiver em vaso, verifique se há furos de drenagem suficientes e evite deixar o pratinho cheio de água. Raízes abafadas raramente sustentam folhas coloridas por muito tempo.
A beleza da tradescância está no equilíbrio
O cultivo dessa planta é, acima de tudo, um convite para observar e agir com cuidado. A poda — que tantos enxergam como algo técnico — na verdade é uma conversa silenciosa entre você e a planta. Respeitar o ritmo, observar os sinais e intervir com delicadeza são atitudes que garantem não só a saúde da tradescância, mas também o espetáculo de cores que ela pode oferecer.
