Eles não fazem barulho de rato, mas caminham pelo forro com passos pesados, roem fios, deixam fezes e — o mais desconcertante — às vezes até aparecem no armário ou em cima do guarda-roupa. Se você já suspeitou da presença de um “bicho estranho” no telhado, é possível que estivesse lidando com um saruê. Também conhecido como gambá-de-orelha-branca ou cuíca, esse marsupial brasileiro vem se tornando cada vez mais comum em áreas urbanas, e pode transformar o seu sótão em moradia sem pedir licença.
Saruês no telhado: um problema silencioso (e fedorento)
Ao contrário do que muitos pensam, os saruês não são roedores. Eles pertencem à mesma ordem dos cangurus e coalas, e têm uma característica bem peculiar: uma bolsa abdominal (marsúpio) onde carregam os filhotes. Apesar disso, compartilham com ratos a fama de invasores urbanos — e os incômodos também.
Quando conseguem entrar no forro das casas, procuram abrigo, alimento e segurança para se reproduzir. Em pouco tempo, é possível ouvir arranhões à noite, perceber fezes em locais inusitados ou sentir um odor forte e persistente causado pela urina e pelas glândulas do animal.
O problema é que, além do desconforto, o saruê pode causar curto-circuito ao roer fios, destruir o isolamento térmico do telhado e até transmitir doenças, como leptospirose e salmonelose. A seguir, veja três estratégias práticas e eficazes para evitar essa convivência indesejada.
1. Vede frestas, telhas e acessos com tela metálica
A primeira linha de defesa contra os saruês é impedir a entrada. Pode parecer óbvio, mas boa parte das invasões começa por aberturas mínimas no telhado, frestas no beiral, buracos no madeiramento ou passagens deixadas por calhas mal fixadas.
Esses marsupiais são exímios escaladores. Conseguem subir por muros, árvores e até por calhas verticais, usando a cauda como apoio. Se houver uma telha solta ou uma fresta de 5 cm, é o suficiente para entrarem.
O ideal é:
- Vedar com tela metálica galvanizada todas as aberturas do forro e as extremidades das telhas.
- Usar espuma expansiva ou silicone para preencher pequenas brechas.
- Instalar grades em alçapões ou janelas de sótão.
A manutenção regular do telhado também faz diferença. Uma inspeção anual pode evitar que pequenas falhas na estrutura virem portas de entrada para animais indesejados.
2. Evite atrativos como frutas, ração e lixo exposto
Um dos principais motivos que levam saruês a se aproximarem das residências é a busca por alimento fácil. Frutas caídas no quintal, lixo orgânico mal armazenado e até a ração do cachorro deixada do lado de fora funcionam como um convite para esses bichos.
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Embora sejam onívoros, os saruês têm preferência por alimentos doces, restos de carne e qualquer resíduo com cheiro forte. Quando descobrem um local onde conseguem comida regularmente, costumam voltar — e até construir ninho por perto.
Algumas atitudes simples ajudam:
- Recolha frutas maduras ou caídas do chão diariamente.
- Feche bem as lixeiras, preferencialmente com tampa pesada e vedada.
- Evite deixar ração ou restos de comida no quintal à noite.
Se sua casa estiver próxima a terrenos baldios, áreas verdes ou córregos, o cuidado deve ser redobrado, já que esses locais funcionam como corredor ecológico para os saruês.
3. Faça a poda de árvores e evite que galhos encostem no telhado
Outra rota de acesso muito comum para os saruês são os galhos de árvores que encostam no telhado. Eles usam essas “pontes naturais” para transitar entre muros, telhados e caixas d’água, principalmente em quintais arborizados ou casas próximas a praças e parques.
Manter a vegetação sob controle é fundamental para interromper essa rota de invasão. A poda deve ser feita com regularidade, cortando principalmente os ramos que se projetam para o telhado ou que estão muito próximos da calha.
Se possível:
- Deixe pelo menos 1,5 metro de distância entre os galhos e a estrutura da casa.
- Evite trepadeiras no muro ou pergolados que conectem o jardim ao telhado.
Além de dificultar o acesso dos saruês, a poda também afasta outros animais escaladores, como ratos e gambás, e ajuda a manter o telhado mais limpo e arejado.
Conviver com a fauna urbana exige uma combinação de respeito e prevenção. Os saruês, embora inofensivos em seu habitat natural, tornam-se um problema real quando invadem lares e se instalam onde não foram convidados. Ao adotar estratégias simples como vedar acessos, eliminar fontes de alimento e manter a vegetação controlada, você transforma sua casa em um ambiente seguro — tanto para você quanto para os próprios animais, que precisam ser mantidos à distância, mas jamais agredidos.
