ENCONTRO DE VOZES, MEMÓRIA E ANCESTRALIDADE

Sarau Escrevivências Negras ocorre neste sábado em Caxias do Sul

Encontro, que ocorre no Zarabatana Café, é gratuito e aberto a toda comunidade

Conceição Evaristo, professora, escritora e intelectual brasileira que desenvolveu o conceito Escrevivências. Foto: Itaú Social/Reprodução.
Conceição Evaristo, professora, escritora e intelectual brasileira que desenvolveu o conceito Escrevivências. Foto: Itaú Social/Reprodução.

O “Sarau de Escrevivências Negras – Um encontro de vozes, memória e ancestralidade” será um espaço para escuta ativa e compartilhamento de vivências por meio da escrita enquanto arte potente a ser celebrada. O encontro é gratuito, aberto a toda a comunidade interessada e ocorre neste sábado (12), a partir das 18h, no Zarabatana Café, localizado junto ao Centro de Cultura Ordovás. A iniciativa é proposta pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPG Educação) da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e realizada junto ao Conselho Municipal da Comunidade Negra (COMUNE) de Caxias do Sul. 

Conforme a presidente do Comune, Michele Xavier, a ideia surgiu a partir da necessidade sentida por um grupo de mestrandos e doutorandos que partilham de um momento cuja produção literária discorre dentro da perspectiva na negritude.

Ela explica que, da mesma maneira que outras situações requerem um olhar que considere e respeite o atravessamento da cor da pele e etnia na vida em sociedade, o universo acadêmico não é diferente. 

“É muito doloroso para as pessoas negras conseguirem entrar e conseguirem se manter dentro do mestrado. Porque o mestrado, o doutorado, ele, por si só, já é uma caminhada bastante difícil. Para as pessoas negras que querem falar sobre pautas antirracistas, pautas antidiscriminatórias, ele é um pouquinho mais problemático. Então, a gente precisa de apoio, a gente está meio que se apoiando, se ajudando ali (no grupo)”, compartilha.

Michele, que também é advogada atuante em causas com temática racial, entre outras, comenta que na Universidade não existe uma bibliografia negra muito contundente. Assim, os materiais adquiridos são compartilhados pelos alunos do grupo, na tentativa também de afirmar e dar visibilidade aos escritos negros acessados.

Sarau de Escrevivências Negras: Celebrando a Voz e a Memória Negra

Entre as presenças confirmadas, Michele destaca Felipe de Oyá, que vai apresentar “Matriarcas”, um trabalho sobre religião afro. Além disso, haverá roda de capoeira conduzida pelo Mestre de Chocolate, e mestrandas e doutorandos que irão falar das expectativas negras, escritos negros e demais referências históricas e sociais. 

“A história negra é muito parecida com a história indígena. Ela é muito oral ainda, mas a gente quer começar a fazer esses registros. E para fazer esses registros, a gente também quer festejar. Então, a ideia do sarau é que vamos debater, mas também vamos festejar”, conclui Michele.

O Ordovás fica na Rua Luiz Antunes, 312, no bairro Panazzolo, em Caxias do Sul. 

Sobre o conceito Escrevivência

O conceito “Escrevivência” foi desenvolvido pela professora, escritora e intelectual brasileira Conceição Evaristo e se trata de uma combinação de “escrever”, “viver” e “se ver”, que representa uma concepção derivada de uma epistemologia negra, que, a partir de uma perspectiva multifocal, consegue examinar e analisar os contornos das experiências da população negra brasileira.