Há plantas que carregam segredos em seus nomes. O crisântemo, por exemplo, é conhecido em muitos cantos do Brasil como “planta monsenhor” — um apelido curioso, cheio de significado e história. Mas o que existe por trás dessa associação religiosa e, ao mesmo tempo, poética? Prepare-se: a explicação mistura fé, tradição popular e um toque de simbolismo que atravessou gerações.
O encanto da planta monsenhor
O crisântemo, popularmente chamado de planta monsenhor, é uma flor que desperta respeito. Em muitas cidades do interior, era cultivado por padres e freiras nos jardins dos conventos, o que ajudou a criar a lenda de que se tratava de uma planta “abençoada”. O apelido teria surgido quando um monsenhor — título eclesiástico concedido a sacerdotes de alta hierarquia — ficou conhecido por sempre ter vasos dessa flor em sua paróquia. Com o tempo, as pessoas começaram a dizer: “é a planta do monsenhor”.
O nome pegou. E, mais do que isso, o crisântemo ganhou um status espiritual: passou a ser visto como símbolo de proteção, pureza e elevação. Não por acaso, é uma das flores mais usadas em celebrações religiosas e cemitérios — onde representa o ciclo da vida e da alma.
Como o crisântemo conquistou o coração dos brasileiros
A planta monsenhor chegou ao Brasil trazida por imigrantes europeus e rapidamente se adaptou ao clima tropical. Suas cores vivas — brancas, amarelas, lilases e vermelhas — encantaram os jardineiros. Mas o que realmente consolidou sua fama foi a resistência: é uma flor de longa duração, tanto no solo quanto em vasos, e floresce mesmo em épocas de transição de clima.
Nas casas mais antigas, era comum encontrar um vaso de crisântemos próximo a imagens de santos ou no altar doméstico. As avós ensinavam que a flor afastava maus espíritos e atraía paz para o lar. Já os padres a usavam em arranjos litúrgicos, por sua elegância e sobriedade. O resultado foi um sinônimo afetivo: “planta monsenhor”, a flor que protege.
Significados espirituais e emocionais do crisântemo
Muito além de sua beleza, o crisântemo carrega um simbolismo poderoso. Em várias culturas, é associado à longevidade, à sinceridade e à pureza da intenção. No Japão, representa o sol e a perfeição. No Brasil, ganhou conotação de respeito e espiritualidade — talvez pela influência católica que moldou o apelido.
Quem cultiva a planta monsenhor acredita que ela ajuda a equilibrar as energias do ambiente, promovendo serenidade. No Feng Shui, é usada para atrair harmonia e afastar conflitos, sendo ideal para salas, varandas e jardins de entrada.
Curiosamente, o crisântemo também tem presença marcante em momentos de luto, simbolizando a continuidade da vida. Essa ambiguidade — entre o sagrado e o terreno, o início e o fim — faz dele uma das flores mais ricas em significados do mundo.
Como cuidar da planta monsenhor sem mistério
Cuidar do crisântemo é simples, e talvez por isso ele se popularizou tanto entre os fiéis e jardineiros. A planta prefere sol pleno, mas tolera meia-sombra. O solo deve ser fértil e bem drenado, e a rega, feita de duas a três vezes por semana, sem encharcar.
Durante a floração, é bom retirar as flores secas para estimular novos brotos. Já as podas leves após a florada ajudam na renovação das folhas. Se quiser multiplicá-la, basta retirar estacas de cerca de 10 cm e colocá-las em água até enraizarem — um gesto que, para muitos, tem quase um valor ritualístico: a continuidade da fé e da beleza.
Outra dica interessante: colocar um pouco de casca de ovo triturada no solo aumenta a resistência da planta e realça as cores das pétalas. Uma prática antiga, passada de geração em geração, especialmente entre famílias devotas.
Um símbolo de fé, memória e gratidão
O crisântemo é, antes de tudo, uma flor de presença marcante. Seja em vasos de varanda, altares ou cemitérios, ele carrega um tipo de beleza silenciosa, que inspira respeito. E talvez seja justamente por isso que ganhou o título de “planta monsenhor”: uma planta que parece rezar, mesmo em silêncio.
Muitos ainda a utilizam para homenagear entes queridos, outros para ornamentar celebrações. Mas em qualquer contexto, o crisântemo mantém seu ar solene — um lembrete de que, às vezes, a fé floresce nos detalhes mais simples.
E assim, entre crença e natureza, a planta monsenhor segue firme, atravessando séculos, carregando bênçãos e significados que o tempo não apaga.