Você reparou que seu labrador está sempre com fome, implorando por petiscos e lambendo o pote vazio como se não tivesse comido há dias? Isso pode parecer fofo, mas é o primeiro passo para um problema sério: o sobrepeso canino. A raça, conhecida por sua energia e lealdade, também tem uma tendência genética a comer além da conta. E quando os quilos a mais começam a comprometer articulações, disposição e até a expectativa de vida, é hora de agir com estratégia e carinho.
Como o labrador ganha peso tão facilmente?
A fama de comilões dos labradores não é exagero. Essa predisposição vem de uma mutação genética identificada em muitos cães da raça, que afeta a regulação do apetite. Em outras palavras: eles podem se sentir famintos mesmo depois de uma refeição completa. Soma-se a isso a simpatia dos tutores, que cedem aos olhares pidões, e pronto — temos um cenário perfeito para o ganho de peso silencioso, mas progressivo.
Além do fator genético, o sedentarismo é outro vilão. Muitos tutores se esquecem de que o labrador é uma raça originalmente criada para o trabalho. Eles precisam se movimentar, explorar, nadar, buscar objetos. Sem essa rotina ativa, até uma alimentação equilibrada pode se transformar em excesso.
Alimentação balanceada é o primeiro passo
O primeiro cuidado para evitar o sobrepeso do labrador está no pote de ração. Esqueça a ideia de “encher o prato” até ele se cansar. Essa raça dificilmente sabe a hora de parar. Opte por rações específicas para cães de porte grande com tendência ao ganho de peso, que costumam ser menos calóricas e mais ricas em fibras. As fibras ajudam a dar saciedade, reduzindo a sensação de fome.
Evite rações com altos índices de gordura e não caia na armadilha dos petiscos o dia todo. Se quiser premiá-lo por bom comportamento, escolha versões light, com baixo teor calórico, ou use pedacinhos de frutas seguras para cães, como maçã ou melancia (sem sementes).
Fique atento também à quantidade. Cada fabricante indica uma porção diária recomendada — respeite esse limite e distribua em duas refeições, de preferência nos mesmos horários. Rotina alimentar ajuda a controlar ansiedade e mantém o metabolismo estável.
Atividades físicas: mexer o corpo é essencial
É quase impossível imaginar um labrador saudável sendo sedentário. Eles precisam de movimento diário — e não basta uma voltinha rápida no quarteirão. Uma caminhada de pelo menos 30 minutos, duas vezes ao dia, já ajuda a queimar calorias e manter o metabolismo ativo.
Se puder variar os estímulos, melhor ainda. Brincadeiras de buscar bolinhas ou brinquedos, corridas no parque, jogos de esconder petiscos e até natação são altamente recomendados. A água, aliás, é um ambiente ideal para a raça, que possui patas com membranas e grande afinidade por nadar.
Essas atividades não só auxiliam no controle do peso como melhoram o humor, previnem problemas comportamentais e fortalecem o vínculo entre tutor e animal.
Controle emocional também é cuidado físico
Muitos tutores não percebem, mas o comportamento alimentar dos cães pode estar ligado a questões emocionais. Tédio, solidão e estresse podem levar o labrador a comer mais do que o necessário, mesmo sem fome real. Isso vale especialmente para cães que passam muitas horas sozinhos ou que não têm estímulo mental e social suficientes no dia a dia.
Oferecer enriquecimento ambiental pode ajudar bastante. Brinquedos interativos, ossos recreativos, desafios para descobrir petiscos escondidos e novas experiências sensoriais são ferramentas simples que reduzem a ansiedade e distraem o cão da ideia de “comer o tempo todo”.
Outro fator emocional importante é a atitude do tutor. Evite alimentar seu cão fora dos horários, principalmente quando ele estiver pedindo comida. Essa associação entre comportamento e recompensa pode reforçar um padrão compulsivo. Recompense com carinho, atenção e brincadeiras — o amor também alimenta.
Foco na saúde, não na aparência
Controlar o peso do labrador não é uma questão estética — é uma escolha de cuidado. O excesso de peso pode comprometer a saúde das articulações, sobrecarregar o coração, reduzir a expectativa de vida e até afetar o humor do animal. A boa notícia é que, com pequenas mudanças na rotina e atenção contínua, é possível manter seu cão em forma, ativo e feliz por muitos anos.
O segredo está no equilíbrio: oferecer nutrição de qualidade, manter uma rotina de exercícios e construir um ambiente emocionalmente saudável. Lembre-se: seu labrador merece o melhor, e isso começa com escolhas conscientes.