A falta de continuidade em determinadas terapias tem dificultado a rotina de diversas famílias de Farroupilha e região, que tenham pessoas incluídas no espectro autista. No município, os pacientes são encaminhados à atenção básica e após isso, inicia o processo para os especialistas. Os atendimentos realizam terapias voltadas para áreas como neurologia, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, musicoterapia, equoterapia, entre outros.
No entanto, assim como denunciou a vereadora Fran Bonaci (PDT) ao Portal Leouve, depois deste processo, que muitas vezes é desgastante, o tratamento, que geralmente é de 20 sessões, não ganha continuidade.
“São 20 terapias e volta para o final de uma fila. A fono aqui na cidade tem uma fila de nove meses, então quer dizer que uma pessoa autista vai fazer 20 terapias e voltar para o final da fila para fazer mais 20 terapias. Todo aquele desenvolvimento que ela conseguiu vai se perder neste período que falta continuidade. Este é um problema que a gente enfrenta a muito tempo e precisamos resolver”, disse ela.
A parlamentar citou o superávit superior a R$ 30 milhões apresentado pelo Executivo no final do último ano, como uma alternativa de investimento para as crianças e adultos que dependem deste tipo de atendimento. A falta de estrutura humana também foi citada.
“Hoje o Pró-Saúde tem quatro fonoaudiólogas, este que é um dos atendimentos mais solicitados, então deveria contratar mais profissionais. Existe uma dificuldade nessa mão de obra que não é só de Farroupilha, mas sim regional, mas temos que conseguir profissionais de outros locais e trazer pra cidade, já que as pessoas não podem ficar sem atendimentos”.
Como ela explica, muitos casos acabam sendo judicializados. Quando as famílias ganham o direito, o município paga, só que este movimento não é visto com bons olhos pela administração.
“Muitas vezes, como não tem pelo SUS algumas terapias, as famílias judicializam. A justiça dá à família o direito e quem paga, é contra o Estado este processo, mas quem paga é a Prefeitura de Farroupilha. O que eles entendem é que onera o cofre do município”, explica ela.
O Executivo tem orientado as famílias a buscarem apoio por meio do TEAcolhe, programa do governo do Rio Grande do Sul, que realiza as terapias pelo SUS, no entanto as mesmas ocorrem em Gramado.
“Como que essa família vai se deslocar duas horas pra ir, duas horas pra voltar? A Prefeitura até oferece transporte, o problema não é esse, o problema é o deslocamento para fazer uma terapia de 45 minutos, não faz sentido”, esclarece Fran Bonaci.
A reivindicação seria então de construir um centro de referência que disponibilizasse os serviços terapêuticos mais perto das famílias dependentes dos tratamentos. Um edital está aberto para a construção desta estrutura no entanto, segundo a vereadora, não há interesse por parte da administração municipal em participar do mesmo.
“[O Executivo] Poderia tentar adquirir. O Estado está com processo seletivo aberto então as entidades, centro de referência podem se cadastrar para estar sendo contempladas pelo TEAcolhe”.
Em outra cidade da região, o município de Alto Feliz, também vem sofrendo com o mesmo problema. Lá a prefeitura tem disponibilizado um transporte para que as famílias de autistas realizem as terapias em clínicas particulares de Bom Princípio.