Bento Gonçalves

Desembargador defende equilíbrio nas relações de trabalho

Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, Francisco Rossal de Araújo palestrou no CIC-BG

Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, Francisco Rossal de Araújo. Crédito Bárbara Salvatti
Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, Francisco Rossal de Araújo. Crédito Bárbara Salvatti

No Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) para abordar questões relativas às boas práticas trabalhistas, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), desembargador Francisco Rossal de Araújo, disse que é preciso equilíbrio nas relações de trabalho para que haja distribuição de riqueza. Ele foi o convidado da palestra-almoço de quinta-feira (29).

Para ele, embora possa se questionar a carga tributária e a própria legislação trabalhista, alguns princípios básicos precisam ser mantidos. “Quem trabalha merece salário digno, porque isso é um elemento civilizatório”, comentou Araújo.

Araújo salientou a necessidade de atentar para a qualidade nas relações de trabalho, porque são elas que definem a sobrevivência e o desenvolvimento econômico dos negócios. Conforme o desembargador, a atividade empresarial precisa ser administrada de forma a viabilizar empresas fortes e trabalhos dignos. “Só existe trabalho digno e legislação trabalhista respeitada se tivermos empresas fortes. Não é destruindo a qualidade das empresas que se constroem relações de trabalho dignas, porque um depende do outo. A criação e distribuição de riqueza nos mostra que o segredo é o equilíbrio. A melhor forma de distribuição de riqueza dentro de uma sociedade ainda é o trabalho assalariado”, disse.

O presidente do TRT também disse que é preciso analisar problemas em termos de relação de trabalho, como com o que ele chama de mutação excessiva da legislação, como a trabalhista e a tributária. “Elas mudam tanto porque estão ligadas à criação do valor das mercadorias, e isso flutua, é instável, e isso se reflete na segurança jurídica, ‘como contrato, que direitos tenho de pagar?’ Temos problemas que o nosso Legislativo produz legislação com voracidade e não dá tempo de interpretar e, muitas vezes, o próprio Judiciário tem resistência ao unificar sua jurisprudência”, analisou.

Para construir soluções que ajudem nesse sentido, Araújo destacou o papel de entidades como o CIC-BG, de sindicatos e de outras associações na articulação com a classe política para a construção de projetos a fim de trazer maior segurança jurídica. Além disso, o desembargador disse que outra questão que precisa ser tratada com atenção diz respeito à terceirização. “Cuidado com as soluções mágicas, empreender significa risco. Eu não preciso fazer com que o outro perca para que eu ganhe, todos podem ganhar. Quando aparecer uma solução mágica em matéria trabalhista, cuidado”, orientou.

 

Diálogo e conscientização

A presidente do CIC-BG, Marijane Paese, disse que a palestra-almoço foi um importante espaço para criar diálogo e conscientização a respeito do tema. “Empregador e empregado precisam tecer entre si uma relação de harmonia, boa e justa, equilibrada e saudável, porque é disso que advém o crescimento econômico, que gera o desenvolvimento social”, comentou Marijane.

De acordo com ela, a relação entre empresas e a Justiça do Trabalho envolve o objetivo maior de encontrar o equilíbrio entre as necessidades das empresas e a proteção dos direitos dos trabalhadores. “Isso pode ser alcançado por meio de um sistema legal, regulatório e conciliador que leve em consideração as condições econômicas e as necessidades das empresas – ao mesmo tempo em que estabelece salvaguardas para garantir a justiça e a proteção dos direitos trabalhistas”, acrescentou.

Para o prefeito Diogo Siqueira, é importante que assuntos assim também cheguem aos agricultores, uma vez que precisam estar orientados para poderem trabalhar com tranquilidade. “É preciso buscar o desenvolvimento de soluções conjuntas para que não chegue a próxima safra e eles tenham receio em contratar”, lembrou.

O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Daniel Panizzi, destacou que a presença do desembargador seria uma importante forma de disseminar informação e conhecimento sobre o assunto. “As crises, muitas vezes, trazem situações que são pertinentes, e o produtor de uva que é a base de toda nossa cadeia produtiva, tem essa questão de sazonalidade na safra. Então, esse é um momento de reflexão sobre esse tema”, disse.

Fonte  Exata Assessoria de Comunicação