
Para além de um encontro para festejar a produção farta do município e região, a Festa das Colheitas, em Caxias do Sul, também propicia o debate e reflexão acerca de temas relacionados à produção agrícola familiar. O evento teve abertura oficial na tarde desta sexta-feira (07), nos Pavilhões da Festa da Uva, e contou com a presença de diversas autoridades.
A recente série de intempéries que atingiu a região da Serra Gaúcha, incluindo episódios de granizo e enchentes, causou sérios danos à agricultura local, afetando diretamente a economia e a produção de pequenos e médios produtores. No entanto, um plano de recuperação e prevenção está sendo implementado com foco em duas áreas cruciais: a recuperação das áreas afetadas e a prevenção de danos futuros, tanto para a agricultura quanto para as zonas urbanas.
Em entrevista à imprensa, o prefeito Adiló Didomênico destacou as iniciativas que estão sendo tomadas para apoiar a recuperação das áreas atingidas e a criação de medidas preventivas para que tais catástrofes possam ser minimizadas no futuro. Entre os principais pontos, Didomênico comentou sobre a resiliência dos produtores da Serra Gaúcha, que, apesar das dificuldades enfrentadas, continuam investindo em novas culturas, como temperos e hortaliças, mantendo a esperança em uma colheita abundante, como aconteceu nesta safra.
Uma das apostas, já apresentadas em outras situações pelo prefeito e reafirmadas agora, é o desenvolvimento de um sistema antigranizo para proteger tanto a área rural quanto a urbana. O novo projeto, que já apresenta bons resultados na cidade de Fraiburgo, em Santa Catarina, conforme ressalta o gestor, é um equipamento que, com mais de 70% de eficácia, consegue reduzir o impacto do granizo, transformando pedras de granizo em água ou diminuindo seu tamanho para que o impacto nas plantações seja bem menor.
“Eu aposto muito no sistema antigranizo. A experiência no passado foi negativa, mas hoje temos uma tecnologia muito mais eficaz, que promete grandes resultados, principalmente para a agricultura”, afirmou Didomênico.
De acordo com ele, o investimento necessário para a implantação do sistema é alto, com um custo inicial de cerca de R$ 11 milhões, além de R$ 5 milhões anuais para manutenção. Contudo, os benefícios são nítidos: a redução do impacto financeiro causado pelo granizo, que em 2021 resultou em prejuízos de grande escala em localidades como Vila Oliva.
A instalação desse sistema não beneficia apenas os produtores rurais, mas também a população urbana. No episódio de granizo que atingiu Caxias do Sul no ano passado, as pedras causaram danos significativos às ruas e propriedades urbanas.
“Quando o granizo forte cai, ele atinge não só as lavouras, mas também as estruturas urbanas, gerando prejuízos consideráveis”, destacou o prefeito.
Para viabilizar a implementação do projeto, a colaboração entre os municípios e o apoio do governo estadual são essenciais. A proposta está sendo discutida com deputados locais, como o deputado Helton Weber, e a Secretaria da Agricultura do Estado, para garantir o financiamento necessário para a execução do projeto. Além disso, a ideia de utilizar o recurso do Ibravin, por meio de uma lei estadual, tem sido uma alternativa levantada para financiar as etapas iniciais e de manutenção do sistema.
Didomênico também mencionou que, até o momento, os municípios da região têm demonstrado grande adesão ao projeto, com destaque para cidades como São José dos Ausentes, São Francisco de Paula e outras, que também enfrentam riscos significativos com os fenômenos climáticos. A ideia é que a implantação do sistema antigranizo seja abrangente e que atenda tanto à área rural quanto à urbana, beneficiando todos os cidadãos da região.