
Cinco estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Prof.ª Marianinha Queiroz, de Caxias do Sul, venceram a etapa estadual e vão disputar a fase nacional do 3º Desafio Liga Jovem do Sebrae. As meninas conquistaram a classificação ao propor um sistema de monitoramento de uma praga em macieiras com o uso de drones e de Inteligência Artificial (IA). Uma equipe de cada categoria por estado participa da fase final. São três categorias: Ensino Fundamental; Ensino Médio e Educação Profissional e Tecnológica; e Ensino Superior.
O grupo foi formado por Júlia Alves, 15 anos; Emily Perroni, 14; Giovana Freire, 14; Maria Vitória da Rosa Santos, 15; e Julia Louzada, 15, todas do 9º ano, orientadas pelo professor de Matemática, Luís Henrique Ribeiro da Silva. Com a conquista, elas vão representar o Rio Grande do Sul na fase final, que ocorre de 29 de novembro a 04 de dezembro em Belém do Pará, com viagem custeada pelo Sebrae.
“Eu vi o resultado primeiro e comecei a chorar, porque foi muito cansativo, nos esforçamos muito”, conta Júlia Alves.
“Foi ver que o trabalho todo valeu a pena. Uma alegria muito grande”, completa Julia Louzada.
A escolha do tema se deu após conversa de Júlia Alves com o padrasto, que é agricultor. Foi aí que as estudantes descobriram o cancro europeu, uma praga que atinge macieiras.
“É uma doença causada pelo fungo Neonectria ditissima, que é um patógeno fúngico que causa cancros, ou seja, feridas nos galhos, nos ramos e nas folhas. Se os agricultores identificarem em fase inicial, é necessário tirar apenas o galho infectado. Mas se for identificada em fase mais avançada, pode comprometer toda a plantação, porque se espalha através de vento, da chuva. E na nossa região, com clima úmido e ameno, se espalha ainda mais rápido”, ensina Julia Louzada.
As meninas desenvolveram o protótipo de um serviço de integração de drones e inteligência artificial para aprimorar a detecção do cancro europeu em macieiras. Elas explicam que o drone faria a captação de imagens entre as fileiras no pomar e essas imagens seriam organizadas em um banco de dados georreferenciados, associando cada planta à sua localização exata. A partir desse banco de dados, a inteligência artificial seria treinada com imagens de plantas saudáveis e infectadas, permitindo o reconhecimento automático de padrões visuais relacionados ao cancro europeu. Após o processamento, o sistema seria capaz de identificar possíveis focos da doença, classificando sua gravidade e gerando relatórios indicando os pontos críticos do pomar.

“Nos preocupamos com isso porque é triste pensar que uma pessoa pode dedicar uma vida à produção e perder por causa de uma doença”, completa Giovana.
Trabalho iniciado em aula de matemática
O desenvolvimento do trabalho se deu inicialmente em aula, mas foi complementado em casa. O professor Luis apresentou aos alunos a proposta de trabalhar com resolução de problemas, como parte do currículo de matemática. A partir da conclusão de trabalhos na disciplina, dois foram inscritos no Desafio Liga Jovem, um deles o das cinco meninas. Após a conclusão da matéria, elas montaram um cronograma para separar as tarefas e organizar as apresentações para as bancas de avaliação. A dedicação envolveu estudo extraclasse, conversa com o agricultor padrasto de uma delas, estudo de oratória para as apresentações e pesquisa sobre Inteligência Artificial e drones.
Na primeira etapa do Desafio, elas submeteram um vídeo de cinco minutos em que apresentam a proposta, batizada de Apple Sul. A segunda fase, estadual, foi uma banca on-line e ao vivo. Para essa etapa, a estratégia das meninas foi escolher e preparar duas delas para a apresentação.
“Acredito que o grande segredo desse sucesso foi o empenho e a autonomia que as alunas tiveram ao longo da realização dos trabalhos. Para mim, que só tive contato com pesquisa na faculdade, foi muito prazeroso trazer a ciência para dentro da escola. Como educador, acredito que trazer pesquisa para sala de aula tem um potencial transformador”, avalia o professor.
“Nós sempre víamos aqueles vídeos de adolescentes indo viajar para apresentar projetos, e agora é a nossa vez”, comemora Júlia Alves, demonstrando a alegria que é de todo o grupo.