CONFLITO DE VERSÕES

Sindicato dos servidores de Bento Gonçalves contesta Prefeitura e acusa Executivo de omitir informações

Após resposta da Prefeitura à Justiça, Sindiserp-BG rebate alegações e convoca assembleia para discutir reajustes e mobilizações

Foto: Patrick Alessi/Grupo RSCOM
Foto: Patrick Alessi/Grupo RSCOM

A relação entre o Sindiserp-BG (Sindicato dos Servidores Municipais de Bento Gonçalves) e o prefeito Diogo Siqueira (PSDB) ficou ainda mais tensa nesta semana. O motivo foi a resposta apresentada pela Prefeitura à Justiça em processos que tratam de reajustes, direitos trabalhistas e condições de trabalho dos servidores. O sindicato reagiu com força às declarações do Executivo, divulgando nas redes sociais uma série de críticas e classificando trechos da defesa como “mentirosos” e “inverídicos”.

Entre os principais pontos questionados pelo Sindiserp estão a alegada existência de diálogo com a entidade, o pagamento do vale-alimentação e a acusação de uso indevido de licença por uma ex-vereadora ligada ao sindicato. A entidade afirma que a Prefeitura distorce os fatos para justificar medidas que prejudicam o funcionalismo público.

Acusação sobre licença é rebatida

Uma das afirmações mais criticadas pelo sindicato diz respeito à atual presidente da entidade, que teria, segundo o Executivo, utilizado licença para interesses particulares enquanto ocupava uma cadeira na Câmara de Vereadores. O Sindiserp nega a acusação e afirma que ela seguiu trabalhando como professora durante o primeiro mandato e já estava aposentada no segundo.

O sindicato destaca ainda que, caso houvesse necessidade de afastamento, o instrumento adequado seria a Licença para Exercício de Mandato Eletivo, não a citada pela Prefeitura.

“O Executivo mente ao afirmar isso em juízo, o que revela uma tentativa de desviar o foco do verdadeiro debate: a retirada de direitos dos servidores e a falta de diálogo efetivo com a categoria”, declarou o sindicato em nota oficial.

Vale-alimentação: sindicato aponta descumprimento de lei

Outro ponto de atrito é o vale-alimentação. Na resposta judicial, o Executivo alegou não haver previsão legal para uma data fixa de pagamento, mencionando que o benefício é tradicionalmente repassado no dia 15 e que o pagamento feito no dia 20 de janeiro de 2025 não configuraria atraso habitual.

O Sindiserp rebate com a apresentação da Lei Municipal nº 3.262, que determina o pagamento até o dia 15 de cada mês.

“O Executivo mente ou demonstra desconhecimento das próprias leis”, afirmou a entidade nas redes sociais.

Diálogo inexistente é o ponto mais sensível

O trecho da defesa que causou maior indignação no sindicato foi o que trata da suposta existência de diálogo entre a gestão municipal e o Sindiserp-BG. Conforme alegado pela Prefeitura, teria ocorrido uma reunião com a diretoria do sindicato em fevereiro de 2025, registrada inclusive pela imprensa local.

A entidade confirma que houve o encontro, mas nega que tenha havido qualquer debate sobre os projetos que envolvem a retirada de direitos dos servidores. De acordo com o sindicato, a reunião resultou apenas em promessas de novas audiências, que nunca se concretizaram.

“A afirmação de diálogo é falsa”, conclui o sindicato, acusando o Executivo de tentar criar uma imagem pública de negociação que, segundo a entidade, nunca existiu.

O Sindiserp cobra a reposição de perdas salariais, a regularização no pagamento de benefícios e a retomada efetiva do diálogo com a administração municipal. A entidade afirma que todas as tentativas de negociação foram ignoradas até agora.

Assembleia marcada

O sindicato convocou uma nova assembleia geral para o dia 16 de abril, às 18h, na Escola Bento. A pauta inclui reajuste salarial e do vale-alimentação, continuidade das mobilizações, atualização da ação judicial e outros assuntos de interesse da categoria.