
Bento Gonçalves - A Prefeitura de Bento Gonçalves apresentou, pela primeira vez, os diagnósticos técnicos e os estudos que embasaram o corte das árvores e a readequação do trânsito na Avenida Osvaldo Aranha. As respostas foram enviadas pelas secretarias de Meio Ambiente (SEMMA) e de Mobilidade Urbana (SEMOB), após questionamentos sobre segurança, planejamento urbano e impactos para moradores e comerciantes.
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Segundo o secretário de Meio Ambiente, Volnei Tesser, a supressão das árvores foi motivada pela necessidade de adequação da via às normas de sinalização horizontal e vertical previstas na Resolução nº 913 do Contran. Além disso, a ampliação da circulação para duas faixas, solicitada pela SEGIMU, exigiu ajustes geométricos considerados incompatíveis com a manutenção dos jacarandás.
O diagnóstico técnico incluiu inspeção visual qualificada (IVA), análise de cavidades, inclinação, comprometimento das raízes, presença de pragas e interferências provocadas por podas antigas. A proximidade da fiação e os conflitos recorrentes entre galhos e rede elétrica foram avaliados como fatores de risco — tanto pelo potencial de curto-circuitos quanto pela necessidade de podas sucessivas, que poderiam comprometer ainda mais a estabilidade das árvores.
Reposição com mudas menores e cronograma de 90 dias
A SEMMA confirmou que fará o replantio de três mudas, número proporcional ao total de árvores removidas. As espécies previstas incluem ipê-amarelo, extremosa e manacá-da-serra — todas de médio porte e compatíveis com calçadas e com a rede elétrica.
No entanto, a pasta esclareceu que não utilizará mudas entre 2,5 e 3,5 metros, como sugerido pela AAECO. O plantio seguirá o Manual de Arborização Urbana, que prevê altura padrão entre 1,80 m e 2,20 m. O replantio deve ocorrer em até 90 dias após a conclusão das obras viárias.
A Prefeitura também informou que a Comissão de Arborização Urbana está desenvolvendo um manual atualizado, com diretrizes específicas para áreas com conflitos com a rede aérea. O objetivo é evitar que problemas semelhantes se repitam ao longo da avenida.
Mudanças no trânsito motivam retirada de vagas
De acordo com o secretário de Mobilidade Urbana, Diego Salini, a retirada de vagas de estacionamento no sentido Cidade Alta–São Roque foi embasada em estudos realizados pelo setor de Engenharia de Tráfego. Os levantamentos consideraram volume de veículos, largura da via, segurança de pedestres, interferências de veículos estacionados e necessidade de implantação de uma segunda faixa.
A eliminação das vagas atende às normas de segurança e busca reduzir conflitos entre veículos estacionados e em movimento. A via recebe mais de 22 mil veículos por dia, sendo 12 mil no sentido Norte — justamente onde haverá a nova faixa de tráfego.
Salini afirma que os impactos sobre comerciantes, prestadores de serviços e moradores foram analisados. No sentido Sul, as vagas serão mantidas. Já no sentido Norte, as ruas do entorno possuem, segundo ele, “capacidade para absorver as poucas vagas que serão suprimidas”. Também estão previstas novas placas orientativas para facilitar o acesso aos estabelecimentos.
Projeto urbanístico ainda em análise
A Prefeitura informou ainda que o projeto urbanístico para a avenida segue em avaliação técnica. Estão em estudo possíveis adequações geométricas, revisão de recuos, melhorias de acessibilidade e ajustes na circulação. O corte das árvores, segundo as pastas, faz parte de uma intervenção focada inicialmente na segurança viária, mas alinhada a um planejamento urbano mais amplo.