Em poucos meses os laboratórios farmacêuticos produziram conhecimento para fabricar dezenas de vacinas contra COVID-19, potencialmente eficazes contra o SARS-CoV-2, em pelo menos oito tipos diferentes de tecnologias: Vacina de vírus (inativado ou enfraquecido); Vacina de Vetor Viral (replicante ou não replicante); Vacina de Ácido Nucleico (DNA, RNA); Vacina à base de proteínas (Subunidade proteica, Partículas semelhantes a vírus).
Mas o que dizer sobre a tecnologia de combate ao HIV que estacionou na década de 1990. Como explicar para os pacientes de diabetes mellitus tipo 2 que a metformina, um dos medicamentos mais prescritos, já é uma senhora de 50 anos. E mais ainda sobre o método de combate ao câncer (quimioterapia e radioterapia), estagnado desde o século passado.
O que precisamos perceber é que muitos medicamentos e tratamentos de determinadas doenças se consolidaram como mantenedores das instituições de saúde e profissionais da área médico empresarial. Porém não são substituídos por nova tecnologia porque simplesmente vendem muito e geram riqueza. Fato que resulta numa barreira econômica impeditiva para que chegue um método mais eficiente.
Segundo dados do portal da transparência, somente em 2019 o Ministério da Saúde gastou R$1,8 bilhão com medicamentos para pacientes com Aids no País. No setor oncológico, conforme dados da INTERFARMA (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), foram gastos diretamente com a doença R$4,5 bilhões no SUS, sendo que a quimioterapia responde por 48% deste valor – dados de 2017. O tratamento para diabetes somente em 2019 representou mais de 11% dos gastos com a saúde no mundo, correspondendo a 760 bilhões de dólares.
Neste sentido, começamos a compreender que o determinante para direcionar uma linha de pesquisa são as relações sociais de consumo, o que está sendo consumido ou neste caso prescrito pelo médico, é o que irá ser pesquisado e produzido, numa relação direta entre oferta e procura. Tudo perfeitamente compreensivo num pensamento empresarial, mas totalmente nefasto numa concepção humanitária.
Contudo, o que observamos diante da pandemia, é uma verdadeira disputa de vaidades entre laboratórios e governos para demonstrarem quem é o melhor, o mais eficiente e poderoso. Por outro lado deixam revelar que possuem tecnologia suficiente para articularem conhecimentos no combate às demais doenças até então anunciadas como “incuráveis”.
Porque os líderes mundiais não se unem? Porque os pesquisadores não compartilham estudos, pensamentos e atenções em benefício de todos? Porque muitos médicos não cumprem o juramento de Hipócrates que preceitua o “dever de partilhar os conhecimentos em benefício dos doentes e dos cuidados com a saúde”?
Se todos caminharem de mãos dadas em benefício da humanidade e combate ao sofrimento, isso não será apenas uma ação filantrópica, mas de reflexos na economia e progresso geral dos povos.
“A cura está ligada ao tempo e às vezes também às circunstâncias”. Hipócrates (460 – 377 a.c).
Escrito por Mauro Falcão, em 30.11.2020, para o Portal Leouve.’.