As enchentes que assolam o Rio Grande do Sul se refletem nas prateleiras dos supermercados e no bolso do consumidor. O prejuízo na produção, na logística e na distribuição de alimentos e produtos de necessidade básica já é percebido com a diminuição de variedade de mercadorias disponíveis para quem busca reposição de itens desse gênero desde o início do mês.
Outra consequência direta, e já perceptível, é o aumento dos preços. No entanto, os motivos que levam aos reajustes vão além do desastre e passam também por medidas do governo estadual que antecederam as chuvas do final de abril e início de maio.
Desde o dia 1º de maio, está em vigor a revisão dos benefícios fiscais proposta pelo governo do estado, o que naturalmente gerou reajuste em preços nos últimos dias. Os itens mais afetados foram o pão francês, que saiu de isento para uma alíquota de 12%, bem como café, carne, arroz, feijão, açúcar e leite, que passaram de 7% para 12% de alíquota tributária.
Na Serra Gaúcha há mais fatores que interferem nos preços neste momento. Segundo o presidente do Sindigêneros, Volnei Basso, fábricas de pão, por exemplo, foram alagadas na região, o que obriga os supermercados a comprarem de outros fornecedores, por outros preços.
“A enchente traz um transtorno enorme em toda a cadeia, desde a produtiva, de comércio. Enormes dificuldades que se tem com transporte, a vinda de mercadorias de outros estados também se estava com dificuldade. Nós tivemos muitas fábricas alagadas aqui. O mercado tem que se abastecer de alguma outra forma para servir a população e acaba pegando de outros locais e o preço já não é o mesmo praticado pelos nossos fornecedores”, explica.
De outra parte, a obstrução das estradas também causa problemas logísticos e o preço do transporte afeta no preço final dos produtos ao consumidor. Os deslocamentos usuais para abastecimento foram aumentados com os longos desvios e paradas para bloqueios e há transportes alternativos sendo contratados especificamente, o que reflete em maiores custos de frete.
“É difícil passar uma porcentagem de aumento, varia de empresa a empresa, de negócio para negócio. Às vezes alguém compra uma carreta de um produto e negocia preço de acordo com a quantidade”, exemplifica o presidente.
Por outro lado, Volnei Basso garante que não haverá desabastecimento. “Graças a Deus, a gente tem muitos fornecedores do Rio Grande do Sul que ainda estão conseguindo entregar. A população entendeu nosso chamado para que não tivesse pânico em busca de mercadoria e a abertura das estrada vai ajudar na normalização”, comemora.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), Antônio Cesa Longo, vai pela mesma linha e garantiu em vídeo que não haverá desabastecimento. Ele anunciou a doação de 100 mil kits de cestas básicas nos próximos 60 dias para as pessoas atingidas. Longo revelou ainda que há em torno de 150 lojas totalmente danificadas pelas enchentes no estado.