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Eduardo Leite se reúne com secretários para debater ações em consequência do caso de trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves

Governador afirmou que buscará punição aos envolvidos, sem prejudicar reputação do setor vinicultor

207 trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves
207 trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves

O governador Eduardo Leite (PSDB) comentou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (28) os desdobramentos do caso dos 207 homens submetidos a trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves. O político grifou como “inaceitável” a situação e afirmou que reuniu secretários com o objetivo de traçar ações para que ela não volte a acontecer. Nesta tarde, a empresa contratante propôs o pagamento de R$ 600 mil em verbas indenizatórias aos trabalhadores.

Na manifestação, Leite salientou ser importante destacar que o povo gaúcho tem como característica a geração de riqueza através do trabalho. “Portanto, não compactuamos com esse lamentável episódio, esse crime ocorrido na Serra Gaúcha. Daremos a devida responsabilização a quem o tenha cometido.”

Por outro lado, o governador afirmou acreditar ser esse um caso isolado. “Não é a regra. Mas se houver outro episódio semelhante, que seja apurado. Nosso vinho tem ganhado em qualidade e premiações. Sabemos que ele é fruto do suor, em condições dignas de trabalho. Não vamos permitir que alguns que fazem errado manchem a reputação da imensa maioria que faz o certo.”

Durante a reunião, foi formado um grupo de trabalho envolvendo diversas secretarias para acompanhar ações já articuladas e tratar de outras medidas emergenciais dentro da administração estadual. Dos 207 trabalhadores resgatados, 194 retornaram para a Bahia e 13 estão no Rio Grande do Sul. 

“Vamos observar tudo o que está ao alcance do Estado, determinando uma força-tarefa em conjunto com a Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo, que já existe, apoiando o Ministério Público do Trabalho (MPT), colocando a nossa estrutura à disposição para amplificar a capacidade de fiscalização, principalmente nas atividades que demandam a expansão de mão de obra de forma muito rápida em determinados momentos, como é o caso das colheitas, e que se tornam situações de risco”, disse o governador.

Investigação

Eduardo Leite comentou também, em uma rede social, a investigação de que policiais militares poderiam estar ligados ao caso de Bento Gonçalves. Em depoimentos prestados após o resgate, trabalhadores relataram terem sido vítima de agressões e ameaças por parte de PMs. Foram citados dois soldados, mas há a possibilidade do número ser maior.

Ainda de acordo com os relatos, havia um acordo entre os policiais e o proprietário da Fênix Serviços de Apoio Administrativo, responsável pela contratação e alojamento dos trabalhadores, em grande maioria vindos da Bahia. Seria destes policiais as frases como “baiano bom é baiano morto”, presente em entrevistas feitas pelo portal Leouve com alguns dos resgatados.

“Colocamos a Corregedoria da Brigada Militar à disposição para apurar eventual participação de policiais em atos de coação aos trabalhadores explorados na serra gaúcha. Também solicitamos o compartilhamento de provas entre a PF e a corregedoria da Brigada”, anunciou o governador.